Depois que a revista Time cedeu e entregou à justiça americana mensagens eletrônicas e anotações do repórter Matthew Cooper, fazendo com que o assessor de George W. Bush, Karl Rove, fosse identificado como uma das fontes relacionadas ao vazamento da identidade da espiã Valerie Plame, as organizações jornalísticas americanas começaram a se preocupar com a criação de novos procedimentos que garantam o sigilo de suas fontes anônimas. Segundo Katharine Seelye, em reportagem para The New York Times [1/8/07], as iniciativas vão desde regras internas que obrigam os repórteres a identificarem suas fontes com siglas nas anotações, para que aqueles que as leiam não possam identificar os personagens, até soluções tecnológicas como o emprego de e-mails criptografados ou com apagamento programado.
O editor-executivo do New York Times, Bill Keller, disse que o diário está estudando que medidas tomar. A equipe receberá treinamento em algumas semanas. Além disso, deve ser adotado um novo sistema telefônico interno que impeça a quebra de sigilo individual de cada ramal.
A Time, por sua vez, estuda adotar um sistema de discos rígidos portáteis, permitindo a cada jornalista levar consigo suas informações. A advogada do Los Angeles Times, Karlene Goller, é favorável a que cada jornalista tenha consigo todo seu material de apuração, tirando do veículo o poder de quebrar o sigilo sobre uma fonte. ‘Assim, os executivos da corporação não podem decidir por você’, argumenta.
Mas há também o outro lado da moeda: deste modo, as empresas se eximem de responsabilidade e o repórter tem de tomar sozinho a decisão de desobedecer a uma ordem judicial. ‘O produto do trabalho pertence ao jornal, o que significa que ele o protege. Acredito que documentos estão muito mais seguros numa redação do que na casa do jornalista’, opina o conselheiro jurídico do Wall Street Journal, Stuart Karle.
Em geral, a estratégia de sigilo gira em torno da idéia de que, se nenhum dado está a salvo da justiça, é melhor não deixar pista alguma. Há críticos, no entanto, que argumentam que a documentação detalhada de uma matéria é importante para que o veículo possa controlar o trabalho do repórter e também para usar como elemento em processos de difamação.