Quando George W. Bush se reelegeu com margem folgada sobre John Kerry, contrariando as pesquisas, a imprensa americana, em sua maioria pró-democrata, começou a questionar se estava desconectada da realidade do interior do país. Segundo matéria de Peter Johnson [USA Today, 15/11/04], o fato de a moralidade e a religião terem sido apontadas como principais fatores a influenciarem a decisão dos eleitores deu início a um processo de auto-análise da mídia. O editor- executivo do New York Times Bill Keller, por exemplo, já anuncia que seu diário deverá ter mais ‘flagrantes que reflitam a diversidade cultural do país’. Possivelmente, a extinta sucursal de Kansas City será reaberta. A direção da rede ABC, que já teve um repórter exclusivo para assuntos religiosos, também admite que sua cobertura deve mudar. A eleição presidencial, explica um de seus diretores, Paul Slavin, ‘lembrou que seria necessário rever essa questão’.
Boca-de-urna deve sair mais tarde nos EUA
O consórcio formado pelas redes ABC, CBS, NBC, CNN, Fox e a agência AP para fazer pesquisas de boca-de-urna nas eleições americanas anunciou que seus integrantes só receberão dados a respeito do próximo pleito quando ele já estiver próximo do fim, informa Mark Memmott, do USA Today [18/11/04]. Na eleição presidencial deste ano, dados preliminares pouco conclusivos vazaram pouco depois de serem passados às emissoras e à agência, gerando uma onda de má informação. Blogueiros colocaram os números na internet por volta das 13h e comentaristas de TV apontavam vitória de John Kerry pouco depois das 15h, quando ainda faltavam algumas horas para a conclusão da votação. No fim, o candidato democrata acabou derrotado por George W. Bush. Segundo o presidente do consórcio, Sheldon Gawiser, os dados que vazaram na internet eram muito crus para ‘gente que não sabe com o que está lidando’.