Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Imprensa ortodoxa não divulga fotos de ministra

Tzipi Livni, a quem o presidente de Israel pediu que formasse um novo governo após a renúncia do primeiro-ministro Ehud Olmert, permanece um rosto desconhecido para judeus ultra-ortodoxos. Isto porque a mídia israelense recusa-se a publicar imagens de mulheres nos jornais – fonte importante de informação, em uma comunidade reclusa que em geral rejeita TV, internet e emissoras de rádio.

O desafio de Tzipi, de 50 anos, é grande, opina Dan Williams [Reuters, 23/9/08]. A ministra das Relações Exteriores tenta montar uma coalizão governamental e faz campanhas para obter apoio entre os ultra-ortodoxos, que representam 15% da população de Israel. ‘Não há dúvidas de que nosso trabalho é diferenciado no que se refere aos ultra-ortodoxos’, afirma Avraham Kroizer, um dos consultores de Tzipi. ‘A mídia nunca vai mudar sua política de não publicar fotos, então o que resta é arranjar encontros pessoais com lideranças haredim [ultra-ortodoxas] que espalhem a notícia’.

Abismo

Em encontros com políticos religiosos para formar parcerias, Tzipi abandona os terninhos que costuma usar e veste saias longas e camisas compridas. Os cuidados desagradam as feministas israelenses, que argumentam que isto atenua o abismo cultural em uma Israel secular, cujos Parlamento e Suprema Corte têm presidentes mulheres.

Se Tzipi se tornar premiê, será a segunda mulher no cargo desde Golda Meir, que liderou Israel após a morte súbita do ex-premiê Levi Eshkol, nos anos 70. ‘Estas pessoas [ultra-ortodoxas] têm uma atitude cujas origens estão na Idade Média, enquanto, em um nível político, parece que querem trabalhar com Tzipi’, afirma Galia Golan, ativista veterana dos direitos das mulheres.

O editor do diário ultra-ortodoxo Hamodia afirma que não tem planos de reconsiderar a proibição de fotos de mulheres. ‘Sempre agimos de acordo com a Torá. É assim que é feito desde o começo do mundo e assim continuará’, diz o jornalista, que não quis se identificar.