Enquanto a população afegã aguarda os resultados da eleição presidencial de quinta-feira [20/8], a mídia da região analisa as possibilidades e enumera os desafios a ser enfrentados pelo novo líder do país. Alguns colunistas descreveram o pleito como um passo importante para o desenvolvimento democrático do Afeganistão, que até 2001 era governado pelo rígido regime do Talibã. Outros, mais pessimistas, sugerem que, independente do resultado das urnas, o destino do país continuará a ser decidido por ‘poderes estrangeiros’. Mas parece ser consenso entre os jornalistas que a recente onda de violência na capital, Cabul, e em outras regiões afegãs deve prejudicar o processo democrático.
Ataques suicidas e violentas invasões marcaram os dias anteriores ao pleito, deixando pelo menos 50 mortos, entre civis, membros das forças de segurança e insurgentes. O governo afegão chegou a emitir uma ordem para que a imprensa não reportasse manifestações de violência no dia das eleições, para não assustar a população e afastá-la das urnas. Jornalistas e organizações como a Associação de Jornalistas Independentes do Afeganistão criticaram a tentativa de amordaçar a mídia. A organização internacional Repórteres Sem Fronteiras, com sede em Paris, afirmou que a ordem violava não só o preceito de liberdade de imprensa, mas também o direito fundamental dos cidadãos afegãos à informação.
Repercussão
No jornal Asia Times, de Hong Kong, o comentarista Pepe Escobar escreveu que importa pouco quem sairá vitorioso no pleito. ‘Quem se importa? O Afeganistão será governado por Barack Hussein Obama de qualquer jeito’. No russo Rossiyskaya Gazeta, Vladislav Vorobyev especulou que o ‘massacre de Cabul’ pode dar à Otan uma desculpa para enviar mais tropas para o país. ‘[Os comandantes da Otan] precisam de um argumento forte que justifique o aumento de sua presença militar no Afeganistão’, afirmou.
Já Shanthie Mariet De Souza, no jornal indiano Deccan Chronicle, declarou que os ataques dos últimos dias em Cabul servem como um triste lembrete dos desafios enfrentados pelo país em questões de segurança. O paquistanês Dawn, por sua vez, ressaltou que o desafio do povo afegão é ‘implementar seu processo de paz e reconstruir sua nação após 30 anos de derramamento de sangue’. Informações da BBC News [21/8/09].