O clima de insegurança e medo já é comum entre os jornalistas das Filipinas. O país está em segundo lugar no número de profissionais mortos brutalmente, ficando atrás apenas do Iraque. A situação é tão crítica que no Centro Filipino de Jornalismo Investigativo são encontrados à venda livros como Staying Alive (Permanecendo Vivo), que dá dicas sobre como evitar ser assassinado no trabalho, como lidar com ameaças de morte e como obter seguro de vida adequado. Segundo matéria de Stephanie Shapiro [The Baltimore Sun, 25/12/04], o Comitê de Proteção aos Jornalistas aponta que, desde que o país virou uma democracia, em 1986, 48 jornalistas morreram violentamente, oito deles em 2004.
O secretário-geral da União Nacional dos Jornalistas das Filipinas, Carlos H. Conde, afirma que o fato de ninguém ter sido condenado por nenhuma das mortes desde 1986 pode ser o maior motivo pelo qual os assassinatos continuam. ‘O que estamos tentando fazer, agora, é quebrar a cultura da impunidade que cerca estas mortes’, disse.
A diretora e uma das fundadoras do Centro Filipino, Sheila S. Coronel, ressalta que a imprensa também não tem sido responsável e é culpada de abusos que incluem sensacionalismo, corrupção, imprecisão e publicação de notícias não-fundamentadas em fatos concretos. Segundo Sheila, as pessoas que se sentem atingidas por esses excessos da mídia ou não encontram mecanismos de reparação ou são muito impacientes para lidar com eles. ‘Alguns, especialmente políticos locais ou chefes do crime, acham que a melhor maneira de silenciar um jornalista é matando-o’, desabafa Sheila. Conde diz estar convencido de que os baixos salários dos jornalistas fazem com que eles se rendam à corrupção e com isso fiquem expostos a seus riscos.
Depois de uma série de mortes em meados de 2004, a Polícia Nacional das Filipinas sugeriu aos jornalistas que eles começassem a andar armados, idéia rejeitada pela organização e por Conde.