Três jornalistas americanos lançaram um projeto que pretende unir o conteúdo online de jornais e revistas em um pacote único de assinatura, a fim de testar o pagamento por material que hoje é divulgado gratuitamente. O sistema só estará pronto no segundo semestre, mas o anúncio foi feito esta semana devido ao grande interesse demonstrado por editoras dos EUA. ‘O interesse veio mais rápido do que prevíamos. Agora, estamos indo o mais rápido que podemos’, afirma Steven Brill, fundador do canal especializado em processos Court TV e executivo-chefe do novo empreendimento, batizado de Journalism Online. Os outros sócios da empresa são Gordon Crovitz, ex-publisher do Wall Street Journal, e Leo Hindery, ex-executivo de uma TV a cabo.
A idéia é que o usuário pague uma taxa mensal de US$ 15 a US$ 20 para ter acesso ao conteúdo online. Os lucros seriam divididos pelas editoras participantes, com base nos artigos mais acessados por mês. Também seria oferecida ao internauta a opção de pagar para ter acesso ao conteúdo apenas por um dia.
Crise aguda
A decisão de lucrar com o conteúdo online reflete a gravidade dos problemas financeiros que ameaçam a sobrevivência das editoras de publicações impressas – em especial, as de jornais. Desde 2005, o volume anual de publicidade impressa nos jornais americanos caiu 27%, o que representa US$ 12,7 bilhões, segundo dados da Associação de Jornais dos EUA. No mesmo período, a quantidade de anúncios online nos sítios de jornais cresceu 53%, o equivalente a apenas US$1,1 bilhão – o que não chega a compensar as perdas com o impresso.
Diante deste cenário, jornais vêm eliminando cargos e cortando custos. No final do ano passado, por exemplo, cinco editoras de jornais pediram falência; o diário Seattle Post-Intelligencer existe agora apenas na internet, e o Rocky Mountain News encerrou suas operações. Muitas editoras acreditam que uma das soluções possa ser passar a cobrar por parte do conteúdo online. Assinaturas online podem ser úteis também para convencer os leitores a manter suas assinaturas impressas e, assim, atrair anunciantes à versão de papel. ‘Se você tenta vender seu produto com uma mão e dá-lo de graça com a outra, você está prejudicando a integridade de seu produto’, avalia Brill.
Riscos
Muitas editoras temem, no entanto, que, ao pedir a leitores para pagar por conteúdo online, outras editoras não optem pelo mesmo sistema, o que poderia levar a uma diminuição do público. Hoje, são poucos os jornais que cobram pelo acesso online. O Wall Street Journal é o maior a fazer isto, com mais de um milhão de assinantes.
Ao cobrarem, as editoras acabam também protegendo seu conteúdo de ferramentas de busca. O Journalism Online planeja negociar com o Google e outros serviços semelhantes para colocar links de matérias que apenas assinantes pagos poderão ler. Informações da AP [14/4/09].