Lorde Brian Leveson, juiz indicado pelo primeiro-ministro David Cameron para supervisionar o inquérito sobre o escândalo dos grampos telefônicos no tabloide News of the World, afirmou esta semana que sua equipe deverá levar mais tempo do que o esperado para concluir o caso. Segundo Leveson, o número de questões que deverão ser abordadas pela investigação é maior do que se esperava, e possivelmente será necessário mais tempo do que o prazo inicial de um ano para finalizar o inquérito.
O juiz ressaltou que o inquérito deverá se concentrar na “questão central e mais importante”, e completou que o foco da investigação “são as práticas culturais e éticas da imprensa no contexto de sua relação com o público, a polícia e os políticos”. Em um primeiro momento, serão abordadas a relação entre imprensa e público e a questão da regulação de imprensa.
Leveson afirmou que em setembro fará apresentações sobre ética no jornalismo e as práticas e pressões sobre o jornalismo investigativo. Posteriormente, haverá seminários sobre a relação da imprensa com a polícia, os políticos e o processo político.
O juiz, que falou com a imprensa no primeiro encontro, em Londres, da equipe que cuidará do inquérito, lembrou que age com base no Inquiries Act, lei posta em prática em 2005 que permite que ele requisite que testemunhas dêem depoimentos e forneçam documentos para a investigação.
Relações
Leveson falou ainda sobre as críticas recebidas pelo fato de ele ter ido a duas festas na casa de Matthew Freud, marido de Elisabeth Murdoch, filha do magnata Rupert Murdoch. O juiz contou que conheceu Freud, dono de uma empresa de relações públicas, em um jantar em fevereiro de 2010. Freud se ofereceu para fazer um trabalho gratuitamente para o Conselho de Sentença, órgão independente presidido por Leveson. Com o conhecimento do Lord Chief Justice, chefe do judiciário britânico, Leveson foi a duas festas na casa de Freud – em julho de 2010 e janeiro de 2011 – para discutir este trabalho. O juiz ressaltou que, desde janeiro, não teve mais contato com ninguém da Freud Communications. Informações de Patrick Wintour [The Guardian, 28/7/11].