Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Instituto treina jornalistas locais

O Institute for War and Peace Reporting, sediado em Londres, faz um trabalho precioso em países da África, do Cáucaso e da Ásia Central, dando a jornalistas locais lições práticas e preceitos éticos da profissão. Mas é num país ferido por anos de ditadura brutal e recém-devastado pela guerra que o curso do instituto se mostra mais necessário. O Iraque se tornou, há quase dois anos, alvo primordial das atenções da imprensa mundial, e é na cidade curda de Arbil, ao norte do país, que o IWPR realiza a segunda edição de seu curso na região.

‘Quando começamos a trabalhar em Bagdá, no ano passado, tínhamos como público-alvo jornalistas com quatro ou cinco anos de experiência’, conta o editor Hiwa Osman, responsável pelo projeto no Iraque. ‘Perdíamos mais tempo ‘desBaatizando’ [referência ao Baath, partido de Saddam Hussein] do que ensinando jornalismo’.

Obrigados a deixar a capital por questões de segurança, Osman e seus colegas continuam a dar apoio a jornalistas locais, fazendo treinamentos curtos de uma semana, nos quais acompanham seu desenvolvimento. Mas, agora, a equipe se concentra em Arbil.

Na cidade, são treinadas 20 pessoas, escolhidas por habilidades analítica e de escrita entre 80 candidatos. O curso tem duração de duas semanas, e os participantes aprendem técnicas de entrevista e texto e têm lições sobre ética no jornalismo. Ao fim do treinamento, são incentivados a trabalhar para o IWPR como repórteres freelancer. Seus textos são publicados no sítio do instituto.

Nova geração

O esforço tem como objetivo treinar uma geração de novos jornalistas, desvinculados dos maus hábitos do regime deposto. Longe do domínio de Saddam desde 1991, a imprensa curda do norte do Iraque tem potencial para se tornar livre, mas há longo caminho a percorrer. ‘Os jornais curdos falam pelos partidos políticos, e não pelo povo’, diz o editor de uma revista local. Osman conta que o jornalismo curdo nasceu de uma mistura entre duas más tendências: propaganda revolucionária e jornalismo subserviente ao regime de Saddam.

‘Ao ensinar a estas pessoas, a idéia do IWPR é possibilitar que elas tenham sua própria voz e suas próprias prioridades’, diz Osman, já que ‘a queixa mais comum dos iraquianos sobre a imprensa é que ela é moldada por fatores externos’. Informações da Integrated Regional Information Networks [28/12/04].