Jornais continuam a ser vistos como fontes de notícias menos importantes do que sites de internet, de acordo com uma pesquisa anual da Escola Annenberg para Comunicação e Jornalismo, da Universidade do Sul da California. Dos entrevistados, 56% responderam que consideram os jornais como fontes de informações importantes ou muitos inportantes (em 2008, o número ficou em 60%). A taxa ficou abaixo dos que consideram a internet e a televisão como fontes mais relevantes – 78% e 68%, respectivamente.
O estudo vem monitorando uma amostra de usuários de internet pelos últimos nove anos. Nesta última edição, 18% dos internautas disseram que interromperam alguma assinatura de jornal ou revista porque agora têm acesso ao mesmo tipo de conteúdo online. O número foi menor do que os 22% de 2008, mas ainda assim, avaliam os pesquisadores, pode ser visto como uma ‘forte indicação de que o jornalismo impresso pode ser sacrificado por uma parcela significativa de internautas’. Mais de um quinto dos entrevistados afirmou que não sentiria falta do jornal impresso, se ele acabasse.
Segundo Jeffrey Cole, diretor do Centro para o Futuro Digital, responsável pelo estudo, a queda na circulação de veículos impressos deve ser acelerada, a partir de agora, pelos avanços no acesso online a conteúdo jornalístico em leitores eletrônicos e outros aparelhos móveis. ‘Depois de anos de tentativas frustradas, estes avanços parecem finalmente práticos e viáveis. Se assim for, o que isso significará para o futuro do jornalismo impresso tradicional?’, questiona.
Amor e ódio
Ainda que mostrem uma crescente indiferença aos jornais, os internautas parecem manter uma relação ambígua com a internet. Um dos fatores em alta é a desconfiança do conteúdo encontrado na rede. Cerca de 60% dos entrevistados afirmaram acreditar que apenas metade das informações que encontram online é confiável – 14% disseram que consideram pouca ou nenhuma informação confiável.
A confiança em serviços de grandes empresas como o Google e o Yahoo também diminuiu. Em 2006, 64% dos entrevistados disseram que a maior parte das informações fornecidas por estes sistemas de busca eram confiáveis. Este número caiu para 56% este ano.
Sobre a cobrança de conteúdo na rede, não são apenas os sites jornalísticos que sofrem com a rejeição dos leitores. Metade dos internautas que participam da pesquisa disseram usar microblogs como o Twitter, mas ressaltaram que não pagariam por eles. ‘O Twitter não tem planos de cobrar de seus usuários, mas este resultado ilustra, sem dúvida, o tremendo problema em se transformar conteúdo gratuito em conteúdo pago’, diz Cole.
Os internautas também não estão nada satisfeitos com o modo como é feita a publicidade na rede. Para 70%, ela é ‘irritante’; metade disse que nunca clica em links publicitários. Dito isso, 55% afirmaram que preferem aguentar os anúncios online do que ter que pagar por conteúdo. Informações de Mark Fitzgerald [Editor & Publisher, 28/7/10].