Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Investimento na Copa deve ter retorno pequeno

A ESPN e a Univisión, emissoras detentoras dos direitos de transmissão nos EUA da próxima Copa do Mundo, que começa no dia 11/6 e segue até julho na África do Sul, afirmam que os lucros publicitários em torno do evento têm sido positivos. As duas decidiram investir pesado na produção, cobertura e marketing. ‘Vemos a Copa do Mundo como um megaevento e não apenas como um evento esportivo. É o nosso maior compromisso em termos de recursos’, diz Alina Falcon, presidente de esportes e notícias da Univisión. Em seus 30 anos de história, a ESPN nunca investiu tanto dinheiro como nesta Copa.

Embora o orçamento das emissoras não tenha sido revelado, estima-se que, por conta dos altos custos, elas acabem com pouco ou nenhum lucro final. Ainda assim, ambas esperam que a transmissão da Copa proporcione um crescimento do mercado de futebol nos EUA – hoje, a cobertura de jogos internacionais na TV e na internet já é grande. ‘É o esporte mais importante do mundo em seu maior nível, com pessoas torcendo pelo seu país ou por aquele pelo qual se interessam. Você transmite isso por um mês e é uma história única’, afirma Scott Guglielmino, vice-presidente de programação da ESPN.

O futebol é realmente o esporte mais popular do mundo, rivalizando apenas com as Olimpíadas de verão, em termos de audiência global televisiva. Mas nos EUA, entre a população não-hispânica, o esporte não tem a mesma audiência e lucros que os campeonatos das ligas nacionais de baseball ou futebol americano. Já na Univisión, que tem um grande número de telespectadores hispânicos, isto muda. Os números da rede durante a Copa do Mundo são bem maiores que os da ESPN e ABC. Na partida final de 2006, 20% dos televisores estavam ligados no canal; 19%, em 2002; e 26%, em 1998, segundo a Nielsen Media Research.

Prejuízo

Já a ABC registrou 5,7% de televisores ligados na final de 1998, com transmissão em inglês; 2,5% em 2002 e 7% em 2006. Os índices mais baixos observados em 2002 podem estar ligados ao fato de o campeonato ter sido realizado no Japão e na Coreia do Sul, mais de 12 horas à frente dos EUA. O evento deste ano, na África, tem o mesmo fuso horário da Alemanha, onde foi realizada a Copa em 2006.

A Univisión está pagando US$ 155 milhões pela transmissão da Copa, comparado aos US$ 100 milhões que a ESPN pagou por 2010 e 2014. Em 2006, a Univisión recebeu cerca de US$ 110 milhões em lucros relacionados ao evento, depois de ter pago US$ 100 milhões pelos direitos de transmissão. Após descontar os custos de marketing e produção, no entanto, este pequeno lucro desapareceu. Este ano, segundo estimativa do diretor financeiro da Univisión, Andrew Hobson, a Copa do Mundo deve trazer lucros na ordem de US$ 100 milhões, o que na prática pode significar prejuízo.

David Lawenda, presidente de vendas e anúncios da Univisión, é mais otimista e acredita que a demanda da Copa do Mundo é grande entre a população hispânica e espera que anunciantes como Coca-cola, McDonald’s, Walmart e Anheuser-Busch gastem bastante com peças direcionadas ao evento. Informações de Paul J. Gough [The Hollywood Reporter, 6/5/10].