Boa notícia para a indústria jornalística: empresas estão pagando a jornais e revistas até cinco vezes mais para colocar anúncios em seus aplicativos do iPad do que em seus sites. Isto não significa, no entanto, que o aparelho da Apple será a salvação da mídia – mas trará um certo alento, pelo menos temporariamente. Anúncios online geram somente uma pequena fração dos lucros publicitários.
As últimas evidências mostram que o iPad está oferecendo às editoras uma maneira a mais de lucrar com anúncios. ‘Acredito que isto irá redefinir como anunciantes podem se contectar com o nosso público’, diz Lou Cona, vice-presidente da editora Condé Nast. Ainda assim, muito precisa ser feito até que o iPad e outros aparelhos similares tornem-se uma fonte significativa de lucros, avalia Andrew Vanacore [AP, 3/6/10].
Conteúdo exclusivo
Em primeiro lugar, os aplicativos devem ser interessantes o suficiente para manter as pessoas engajadas por períodos mais longos, em especial se tiverem que pagar pelo acesso. Especialistas aconselham a oferecer conteúdo de graça nos sites e reservar outros exclusivos para o iPad. Além disso, aparelhos como o tablet da Apple devem ainda estar disponíveis para mais consumidores – mas sem se tornar tão comuns que tenham sua ‘exclusividade’ prejudicada.
Há inúmeras razões pelas quais as editoras não lucram tanto com publicidade online como na impressa. Enquanto jornais e revistas oferecem um espaço limitado para anúncios, o espaço online é virtualmente ilimitado. Em aplicativos para o iPad, no entanto, há espaço limitado e novas possibilidades para anúncios. Um leitor pode clicar em uma publicidade de uma cadeia de hoteis, por exemplo, e então percorrer por imagens do lobby com um simples passar de dedo e, com outro, assistir a vídeos.
Mas não há garantias de que esta fase boa continue. Por exemplo, uma razão pela qual o banco JPMorgan Chase não hesitou em patrocinar o aplicativo do New York Times pelos primeiros 60 dias de uso foi a oportunidade de mostrar seu cartão de crédito Sapphire para os primeiros compradores do aparelho. O cartão era destinado àqueles com maior poder aquisitivo e acreditava-se que pessoas que compraram o iPad – com o modelo mais barato custando em torno de US$ 499 – teriam considerável poder aquisitivo.
Números positivos
O gerente geral do Chase Sapphire, Sean O’Reilly, ficou surpreso com os resultados. O anúncio era clicado em 15% das vezes em que aparecia. Mesmo que isto seja em parte porque as pessoas ainda estejam aprendendo a usar a navegação touch-screen, o número é incrivelmente alto. De acordo com Gian Fulgoni, presidente da comScore Inc, empresa que analisa o comportamento dos internautas, 84% das pessoas nunca clicam em um anúncio na web na média mensal.
Segundo a Condé Nast, o leitor gasta em média 60 minutos com os aplicativos para o iPad da revista por mês. Já o visitante médio gasta apenas 2,1 minutos ao mês no site da revista Vanity Fair e 3,8 minutos ao mês no da GQ. ‘Procuramos provar engajamento em termos de horas e não de minutos’, diz Scott Dadich, diretor-criativo da Wired Magazine. Isto, no entanto, requer um novo modo de medir o quão bem os anúncios funcionam. Anunciantes teriam de concordar em seguir processos mais complexos, que mediriam não apenas o clique, mas se o internauta fez uma pesquisa no Google daquele produto ou se chegou a comprá-lo. ‘O clique não é uma métrica que reflete a eficiência do anúncio’, lembra Fulgoni.
Segundo o New York Times, 300 mil pessoas fizeram o download do aplicativo gratuito do jornal até meados de maio. Do lançamento, no dia 3/4, até esta data, a Apple tinha vendido 1 milhão de iPads, o que significa que quase ¼ dos compradores do aparelho estavam no mínimo curiosos em conhecer o aplicativo do diário. Até a semana passada, apenas sete dias depois de o aplicativo da Wired ter sido lançado, mais de 66 mil pessoas pagaram por ele. Em uma média mensal, a revista impressa vende 82 mil cópias nas bancas.