Depois de ter sido acusado de fuga pelo poder judiciário iraniano, o principal jornalista investigativo do país, Akbar Ganji, voltou espontaneamente para a prisão de Evin, no Teerã, no sábado (11/6). Ganji havia recebido uma licença de uma semana para tratamento médico no dia 29/5. A esposa do jornalista, Massoumeh Shafiie, não tinha notícias dele desde terça-feira à noite (7/6), quando cerca de 10 oficiais do escritório de acusação do Teerã invadiram sua casa.
O estado de saúde de Ganji vinha se deteriorando nos últimos anos. O jornalista sofre de asma crônica e iniciou uma greve de fome em protesto pela libertação de presos políticos em maio. A família de Ganji, blogueiros e organizações internacionais, como a Repórteres Sem Fronteiras, vinham exigindo sua libertação por questões de saúde. De volta à prisão, o jornalista recomeçou a greve de fome. Segundo o advogado de direitos humanos Mohammad Saifzadeh ele não voltou à prisão na data prevista para protestar contra a maneira pela qual os oficiais invadiram sua casa.
Ganji foi condenado a seis anos de prisão em 2001 por escrever artigos associando oficiais do regime, incluindo o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani e o ex-ministro da Inteligência Ali Fallahian, a uma série de assassinatos de diversos intelectuais e escritores. O ex-presidente Rafsanjani é um forte candidato à presidência nas eleições do dia 17/6. No mês passado, Ganji publicou um ataque contra o líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, denunciando o uso de tortura mental e física na penitenciária de Evin e pediu aos iranianos para boicotar as próximas eleições. Desde 2000, o Irã já fechou cerca de 100 publicações liberais e prendeu vários jornalistas em uma sansão severa na mídia reformista. Informações da AP [6/6/05] e da Reuters [11/6/05].