Sunday, 17 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Iraniano espancado em hospital

A organização Anistia Internacional [27/10/05] denuncia os maus-tratos recebidos pelo jornalista iraniano Akbar Ganji no hospital onde ficou internado no Teerã. Preso em 2000 acusado de agir contra o sistema islâmico, Ganji começou uma greve de fome em junho deste ano em protesto à recusa das autoridades em permitirem que ele recebesse tratamento para asma. O jornalista permaneceu em jejum por dois meses, e foi levado para um hospital determinado pelas autoridades. Segundo a organização, ele teria contado a sua mulher que foi espancado no período em que esteve internado.

Em uma carta aberta publicada no sítio de notícias Emrouz, Massoumeh Safii afirma que conseguiu permissão para visitar o marido apenas uma vez enquanto ele esteve no hospital. Ela conseguiu vê-lo novamente há duas semanas, na penitenciária de Evin, e ele teria lhe contado que, dias depois de sua primeira visita, oficiais ordenaram que ele se desculpasse por ter escrito o livro Manifesto Republicano e que prometesse que não daria entrevistas quando fosse libertado. Diante da recusa do jornalista, eles o espancaram. No trajeto de carro de volta à penitenciária, Ganji foi mal-tratado novamente, e teve seu ombro deslocado.

Em um comunicado, a organização fez um apelo às autoridades iranianas para que estas alegações sejam investigadas, o jornalista receba acesso a um exame médico e qualquer tratamento necessário por um médico de sua escolha.

Ganji cumpre pena de seis anos. Ele foi preso em abril de 2000 quando retornava de uma conferência em Berlim considerada ‘anti-islâmica’ pelas autoridades iranianas. Em janeiro de 2001, ele foi sentenciado a 10 anos de prisão, respondendo a 10 acusações do ministério da Inteligência e da polícia local. O jornalista é acusado de agir contra a segurança nacional, divulgar propaganda contra o sistema islâmico e insultar personalidades religiosas. Também pesa contra Ganji o fato de ter publicado artigos em que acusava oficiais do governo de envolvimento no assassinato de ativistas e intelectuais dissidentes do regime em 1998. Em 2001, o jornalista teve sua pena reduzida para seis meses, mas, pouco tempo depois, a Suprema Corte a elevou para seis anos.