Os milionários irmãos Frederick e David Barclay, com a oferta de US$ 1,2 bilhão, são os vencedores do leilão do jornal britânico Daily Telegraph. Há duas semanas, o grupo Daily Mail and General Trust (DMGT) saíra da disputa porque o preço havia subido demais, deixando a firma de investimentos 3i como única concorrente dos Barclay.
Eles já haviam tentado anteriormente comprar uma fatia majoritária da Hollinger International, proprietária do Telegraph, de seu ex-presidente, lorde Conrad Black, por cerca de US$ 300 milhões – o que seria um negócio muito melhor para eles. No entanto, um juiz americano impediu a transação.
Black renunciou à presidência da Hollinger em novembro, depois que veio à tona que ele havia embolsado, junto com outros diretores, US$ 32 milhões em pagamentos não-autorizados. O escândalo cresceu, e hoje a companhia pede a devolução de US$ 1,25 bilhão. O dinheiro da venda do Telegraph será recebido pela Hollinger e repassado a seus acionistas, entre os quais está Black.
É possível que a companhia tente reter a fatia do ex-presidente, por conta do US$ 1,25 bilhão que alega ter sido desviado por ele. Por isso, como Black detém 72% dos direitos de voto na Hollinger, ele pode querer impedir a venda do diário londrino, fazendo com que o negócio tenha de ser definido na justiça.
Os irmãos Barclay, como reporta The Guardian [23/6/04] e The Economist [24/6/04], são muito reclusos e vivem numa ilha particular próxima à Grã-Bretanha. Nunca esconderam a vontade de ter o Telegraph, apesar de que isso os colocaria muito em evidência. Eles já possuem outras publicações, como o Scotsman, o Scotland on Sunday, e o Edinburgh Evening News.
Na redação do diário londrino, os dois são vistos como novos patrões benignos. Os jornalistas que trabalham ali temiam a entrada de simples investidores no comando do Telegraph, porque isso possivelmente implicaria em cortes de pessoal e outras medidas econômicas que poderiam prejudicá-los.