Três jornais americanos admitiram ter mentido sobre o tamanho de suas circulações para poder cobrar mais caro por anúncios. A Tribune Company, que controla a Chicago Tribune, anunciou ter falsificado, durante todo o ano de 2003 e o começo de 2004, as tiragens de dois de seus diários, o nova-iorquino Newsday e o hispânico Hoy. No caso do Newsday, que já vinha sendo investigado pela autoridade securitária americana, foi admitido que as circulações de 579.729 para dias da semana e 671.819 para os domingos, em 2003, foram infladas, respectivamente, em 7% e 9%. Para o Hoy, a circulação média anunciada de 92.604 exemplares nos dias úteis do ano passado foi aumentada em 16%.
Outro grupo que admitiu ter mentido sobre suas vendas foi a Hollinger International, que já se encontra em situação delicada após o afastamento de seu presidente e sócio-majoritário, Conrad Black, por apropriação indevida de dinheiro da empresa. A companhia anunciou que, segundo uma auditoria interna que ainda está em andamento, a circulação do Chicago Sun-Times, que é oficialmente de 486.936 exemplares, teria sido inflada. De acordo com a Reuters [15/6/04], não foi divulgado, no entanto, a parcela desse número que teria sido inventada.
Como reporta o Washington Post [18/6/04], a revelação de que jornais americanos têm mentido sobre suas circulações demonstra que, apesar de estarem se recuperando da pior baixa de verba de publicidade dos últimos 50 anos, ocorrida em 2001, eles vêm sofrendo muita pressão por parte de investidores que detêm suas ações.
Além da falsificação de dados, os jornais estão apelando a corte de gastos na busca desesperada por melhor desempenho financeiro. A Tribune Company deve demitir 200 funcionários em seus 14 jornais. O Los Angeles Times, ganhador de 5 prêmios Pulitzer em 2004, calculou mal o ganho com publicidade que teria este ano e também deve ser duramente atingido por demissões.