Jornais do Paquistão expressaram preocupação, na semana passada, com a nova estratégia de guerra do presidente Barack Obama no Afeganistão, temendo que o estabelecimento de uma data para a retirada das tropas possa encorajar o Talibã e ameaçar a segurança regional. ‘Tudo o que o líder do talibã Mullah Omar e seus rebeldes têm que fazer é esperar a Otan e os EUA saírem, então o regime do presidente afegão [Hamid] Karzai irá cair e eles poderão assumir o comando’, escreveu o Daily Times.
Obama prometeu enviar mais de 30 mil soldados para o conflito, porém afirmou que as tropas deixariam o país até julho de 2011. Ele ressaltou ainda que o Paquistão deve continuar a lutar contra o Talibã ao longo da fronteira com o Afeganistão. No entanto, o Paquistão vem resistindo a combater redutos da al-Qaeda, pois já enfrenta sua própria insurgência talibã e teme que os EUA deixarão a região mais uma vez desprotegida. ‘O anúncio tão esperado da nova estratégia do presidente americano Barack Obama no Afeganistão gerou preocupação e frustração’, completou o diário. Em 2001, quando a invasão americana derrubou regime do Talibã no Afeganistão, as forças armadas do país ficaram desmanteladas. ‘O Afeganistão não pode ser deixado de lado sozinho de novo’.
O jornal The News, por sua vez, alegou que a estratégia de Obama ‘repete erros passados’ ao não tocar em assuntos importantes para o desenvolvimento do país. ‘Foi a falha de dar o peso equilibrado às visões militar e civil que atrapalhou o envolvimento dos EUA e dos países da Otan no Afeganistão desde o começo’, constatou. Já o Dawn descreveu a política como ‘criando potencialmente mais incerteza em uma região já difícil’. O Paquistão está sitiado por uma insurgência talibã virulenta desde que se envolveu com os EUA na guerra ao terrorismo em 2001. O país teme que o aumento no número de tropas no Afeganistão possa gerar mais adversidades aos paquistaneses. Informações da AFP [3/12/09].