Dois jornais que ousaram protestar contra o partido do governo do Sudão foram proibidos de funcionar no sábado (8/11), noticia a AFP [8/11/08]. Depois de uma greve de três dias para protestar contra a censura imposta a veículos de comunicação sudaneses e contra a prisão de jornalistas, funcionários dos diários Ajras Al-Hurriya e Ray Al-Shab foram procurados por agentes de segurança, que disseram que, por não terem sido informados sobre a paralisação, baniriam os jornais por um dia.
Os dois jornais, junto com um terceiro título, participaram de um grande protesto na semana passada. Além de manifestações e da paralisação de três dias, cerca de 150 jornalistas e assistentes de mídia fizeram uma greve de fome de 24 horas. Eles acusam o Partido Congresso Nacional, de situação, de tentar silenciar a oposição com a proximidade das eleições, marcadas para 2009. ‘[A repressão] é feita pelo Congresso Nacional como partido político. Eles querem proibir a liberdade de vozes que não sejam as deles’, declarou Nagi Dahab, diretor geral do Ray Al-Shab.
A constituição provisória do Sudão – criada a partir do Acordo de Paz, de 2005, que encerrou duas décadas de guerra civil – garante a liberdade da imprensa e a liberdade de expressão. O documento deveria ser aplicado por seis anos. Ainda assim, faltam leis que assegurem a liberdade de imprensa. Censores costumam visitar as redações dos jornais à noite para fiscalizar a edição do dia seguinte. Editores que resistem a estas visitas correm o risco de ver seus diários proibidos de funcionar ou confiscados. A mídia sudanesa conta com cerca de 30 jornais diários independentes.