Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornais se justificam sobre memorando britânico

Os opositores do governo Bush reclamaram tanto, que a mídia americana foi obrigada a dar alguma atenção a um memorando datado de julho de 2002 de autoria do então chefe da Inteligência britânica, Richard Dearlove. O documento, que sugere que o governo dos EUA deturpou informações para justificar a invasão do Iraque, foi divulgado primeiramente pelo jornal britânico Sunday Times há mais de um mês.

Como reporta Howard Kurtz [The Washington Post, 16/6/05], cada jornal e emissora americanos tem uma desculpa para não ter tocado antes no assunto. O New York Times mencionou a notícia em 2/5, um dia depois de sair no Reino Unido. No entanto, somente o 15º parágrafo da matéria informa que o documento acusa o Pentágono de adaptar informações ao belicismo de George W. Bush. O chefe da sucursal de Washington do jornalão, Philip Taubman, argumenta que, considerando a cobertura que já fora feita sobre o planejamento da guerra, aquela história não era tão relevante.

O Los Angeles Times demorou 11 dias para dar a notícia e o Washington Post demorou 14. O Chicago Tribune a estampou na capa 18 dias depois da publicação pelo Times inglês. Uma das editoras de internacional do LA Times, Marjorie Miller, observa que, apesar de se tratar de um fato importante sob o aspecto de que revela um pouco do que se discutia no âmbito privado dos governos, não deixa de ser ‘a visão britânica dos EUA’ e não uma conclusão interna dos americanos. ‘Por essa razão não considero que a tenhamos menosprezado’, afirma ela. O USA Today [8/6/05] também demorou em mencionar o memorando. O editor sênior de internacional do diário, Jim Cox, afirma que não queria fazê-lo sem ter uma cópia de autenticidade comprovada do documento.

Alguns editores de outros veículos menores não puderam dar a notícia porque não tinham material da AP a respeito. A editora de internacional da agência, Deborah Seward, admite que foi um erro não tê-la abordado desde o começo. Nas emissoras de TV, o destaque também foi pequeno. As grandes redes não falaram a respeito até a visita de Tony Blair aos EUA. Os canais pagos de notícias soltaram comentários esporádicos.