Proibido na República dos Camarões, o homossexualismo virou alvo da imprensa no país. A cruzada antigay é justificada pelos editores como uma tentativa de reprimir o chamado ‘comportamento depravado’ – que, por sinal, pode levar a até cinco anos de prisão.
Jornais ‘denunciam’ figuras públicas em suas páginas. O tablóide semanal L’Anedocte publicou recentemente uma lista com políticos, apresentadores, cantores e esportistas famosos. A edição esgotou em poucas horas.
‘Homens tendo relações sexuais com outros homens é algo sujo. Pode ser normal no ocidente, mas na África, e particularmente em Camarões, é algo impensável’, afirma o publisher do L’Anedocte, Jean Pierre Amougou. ‘Nós não podíamos continuar em silêncio. Tínhamos que soar o alarme. Não nos arrependemos e faríamos de novo, apesar das inúmeras ameaças de morte sofridas por mim e por meus jornalistas’.
Dossiê
Já o tablóide La Meteo lançou uma campanha para tornar públicas as identidades dos gays de Camarões, com a publicação, no fim de janeiro, de um dossiê de três páginas com nomes, seguindo denúncia feita pelo arcebispo católico Victor Tonye Bakot.
Bakot criticou a União Européia por legitimar o homossexualismo, atacou os defensores do casamento entre pessoas do mesmo sexo e ridicularizou gays que querem adotar crianças. O arcebispo afirmou ainda que os camaroneses teriam ‘recorrido’ ao homossexualismo para subir em suas carreiras e ganhar mais dinheiro. Os argumentos foram amplamente repetidos pelos jornais locais.
A lista foi condenada pelo ministro das Comunicações, Pierre Moukoko Mbonjo – que teve seu nome publicado nela. Ele ameaçou entrar com uma ação legal e afirmou que os jornais estariam destruindo famílias. ‘Seja heterossexual ou homossexual, relação sexual é algo a ser feito em um ambiente íntimo entre duas pessoas’, defende.
De acordo com a legislação camaronesa, relações homossexuais podem levar a penas de seis meses a cinco anos de prisão e multas de mais de 200 euros. De acordo com crenças locais, gays seriam considerados amaldiçoados ou enfeitiçados. Informações de Andrew Meldrum [The Guardian, 6/2/06].