O diário japonês Mainichi Shimbun publicou parte das reportagens que o correspondente americano George Weller escreveu quando esteve em Hiroshima poucas semanas depois do ataque nuclear dos EUA sobre a cidade, em agosto de 1945. A serviço do Chicago Daily News, ele chegou ali antes das tropas americanas e se fez passar por militar, com o que conseguiu um intérprete e hospedagem. Suas impressões foram as primeiras de um ocidental sobre as conseqüências da bomba jogada em Hiroshima.
Weller escreveu dezenas de artigos sobre a cidade japonesa. ‘Muitas crianças, algumas queimadas, outras não, mas perdendo tufos de cabelo, ficam sentadas com suas mães. Cerca de um quinto tem bandagens pesadas’, relatou, em um dos textos. Nas semanas em que esteve em Hiroshima, se deparou com uma população ainda perplexa: as pessoas sabiam que haviam sido vítimas de uma bomba extremamente potente, mas não tinham noção de que se tratava de algo muito mais devastador e com tecnologia diferente.
O jornalista enviou as matérias para o escritório de censura americano em Tóquio e todas foram vetadas. Weller, um aventureiro que durante a 2ª Guerra chegou a ficar dois meses preso nas mãos da Gestapo, morreu em 2002 acreditando que seus textos se haviam perdido, mas seu filho, Anthony, os encontrou num apartamento que tinha em Roma. O herdeiro vendeu parte das reportagens ao Mainichi Shimbun e pretende publicar o resto em forma de livro.