Os esforços do New York Times para conquistar a confiança dos leitores começaram há cerca de um ano e meio. Desde então, o jornal já avançou com a criação de um posto para ombudsman e determinou que toda fonte anônima citada em suas páginas deveria ter o nome levado a conhecimento de pelo menos um editor. Desta vez, o inimigo que o jornal tenta combater é o uso demasiado de fontes anônimas, informa Jack Shafer na revista online Slate [10/11/04].
Esta prática, tão recorrente no jornalismo, é questionada há algum tempo. Em fevereiro passado, depois que o Washington Post atualizou suas regras a respeito das fontes anônimas, Erik Wemple, do Washington City Paper, descobriu um visível crescimento no número de vezes que matérias do Post usavam a construção ‘fontes ligadas à’ para estender o anonimato das fontes.
Em vista disso, na semana passada, o editor-executivo assistente do Times, Allan M. Siegal, anunciou a criação de um Comitê de Credibilidade para tomar medidas que aumentem a confiabilidade do jornal. Os funcionários que trabalham na redação foram informados da decisão através de um e-mail enviado em 10/11 com o título: ‘Reexaminado nossa credibilidade’. Nele, Siegal apresenta as principais metas do Comitê que, além de discutir formas de reduzir a dependência das fontes, deve debater questões como: checagem eletrônica de plágio, reentrevista com fontes para confirmar a exatidão de informações, e o estabelecimento de um sistema de rastreamento e redução de erros.
No memorando, Siegal questiona: ‘podemos diminuir a freqüência com que recorremos a fontes anônimas ou até acabar com a ocorrência de depoimentos de funcionários anônimos? Por outro lado, podemos arrancar as fontes anônimas das nossas páginas? Podemos fazer nossas atribuições (mesmo as anônimas) menos obscuras? Existem matérias que podemos permitir eliminar, se elas não puderem ser atribuídas a fontes identificadas? Podemos encorajar nossos redatores a, de forma organizada, checar informações e procurar pessoas citadas pela fonte para ter a certeza de que se ouviu os dois lados?’
O Comitê será formado por um grupo de editores. No entanto, uma parte central de seu trabalho será ouvir a todos que tenham idéias úteis. As reuniões foram marcadas para começar em 11/11 e se estender por algumas semanas. Siegal pediu que os funcionários que tivessem boas idéias apresentassem para os integrantes do Comitê.