O Hamshahri, jornal crítico ao presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, foi proibido de circular na terça-feira [24/11], após ter divulgado uma foto do templo da religião Baha’i em um anúncio de viagem para a Índia. O Hamshahri é o jornal de maior circulação no Irã e tem sede na capital, Teerã, cujo prefeito é rival político do presidente. Religiosos xiitas consideram a Baha’i uma corrente herética do Islã.
Segundo o ministro da Justiça, Zahed Bashiri-Rad, o jornal voltaria a circular nesta quarta [25/11]. O ministro da Cultura, Mohammad Ali Ramin, havia dito que o Hamshahri e outra publicação, o Khabar, ligada ao rival conservador de Ahmadinejad, Ali Larijani, violaram leis de mídia e receberam alertas do conselho supervisor da imprensa. De acordo com o jornal Etemad, o Khabar deixou de circular devido a pressões ‘não justificadas’.
Líderes exilados da Baha’i alegam que centenas de seguidores da fé foram presos e executados no Irã nas últimas três décadas. O governo nega as acusações de que prendeu ou executou pessoas por conta da religião. Os fiéis da Baha’i reverenciam Baha-ula, o fundador da fé no século 19, como o mais recente em uma linha de profetas, que incluem Maomé, Moisés, Zoraster, Buda, Krishna e Jesus. Eles defendem a paz no mundo e seus locais mais sagrados ficam onde hoje é Israel, considerado arqui-inimigo do Irã.
Oponentes do governo viram o episódio como uma tentativa de evitar críticas ao presidente linha dura, depois das eleições controversas em junho, que levaram o país a meses de tumulto político. No começo de novembro, o conselho supervisor da imprensa proibiu a publicação do principal diário econômico, o Sarmayeh, crítico às políticas econômicas do governo. Informações de Parisa Hafezi, Hossein Jaseb e Ramin Mostafavi [Reuters, 24/11/09].