Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornalismo e política após a vitória de Ollanta Humala

Com o fim de uma acirrada disputa presidencial, durante a qual grupos de mídia apoiaram um dos candidatos, qual é o papel do jornalismo após a vitória do nacionalista Ollanta Humala nas eleições no Peru? Para o renomado jornalista Augusto Álvarez Rodrich, o jornalismo decente e independente precisa, agora, fiscalizar, com rigor, o novo governo, incluindo o cumprimento de suas promessas. “Não há cheque em branco, presidente eleito Ollanta Humala”, escreveu noLa República.

Depois de assinar um Acordo Nacional para reafirmar seu compromisso com a democracia, o ex-militar Humala declarou que não limitaria a liberdade de expressão caso fosse eleito. “Quero que a imprensa seja minha aliada, no sentido de que fiscalize as ações do governo”, disse à RPP. “Não queremos voltar aos anos 90, quando a imprensa era pisoteada em suas liberdades, quando se podia comprar os meios e canais”, acrescentou.

O escritor, jornalista e vencedor do Prêmio Nobel Mario Vargas Llosa apoiou Humala e criticou a cobertura parcial do grupo El Comercio, cancelando, inclusive, sua coluna no jornal El Comercio. Já o popular jornalista Jaime Bayly, apresentador de um programa de TV que atacou Humala durante a campanha, declarou após a vitória do ex-militar: “Meus programas no Canal 4 foram inúteis para impedir sua vitória (…) Continuo sendo um perdedor. Mais uma vez, estou no grupo dos perdedores”, afirmou.

“Se alguém age como turista informativo e exige objetividade absoluta e neutralidade suíça, então estamos de acordo, mas é preciso perguntar a um correspondente do El País se ele seria neutro caso Blas Piñar ou algum personagem diretamente vinculado ao franquismo fosse candidato ou a um jornalista do Le Monde ou doLe Figaro se a neutralidade absoluta valeria diante de um movimento neonazista ou de um movimento de extrema direita com Jean-Marie Le Pen. Embora não se deva confundir informação com opinião, (…) os veículos têm todo o direito de assumir um ponto de vista, especialmente quando consideram que o país está em perigo e, neste caso, [o Peru] está em perigo”, opinou o jornalista César Hildebrandt. Informações de Paul Alonso [Knight Center for Journalism in Americas, 6/6/11].