O jornalista russo Alexander Podrabinek, de 56 anos, tornou-se alvo de uma campanha nacionalista por ter criticado, em um artigo na internet, autoridades de Moscou e ex-militares que pressionaram um restaurante local a abandonar o nome ‘Anti-Soviético’ – que, segundo eles, é um insulto ao passado da Rússia. Podrabinek, que no passado foi dissidente soviético e preso político, afirma ter sido ameaçado e agredido. O assédio crescente o obrigou a se esconder.
O jornalista acusa o governo de estar por trás das ameaças – as autoridades negam. Cerca de 20 ativistas do grupo Nashi, que tem laços com oficiais russos, fizeram uma manifestação em frente ao prédio de Podrabinek, pedindo aos vizinhos que assinassem uma petição para que ele seja acusado formalmente por difamação. Os ativistas também querem que o jornalista peça desculpas aos veteranos da Segunda Guerra Mundial. Uma porta-voz do Nashi declarou que o grupo não está liderando um ataque pessoal a Podrabinek; está apenas ‘defendendo os veteranos que ele ofendeu’.
Campanha
Podrabinek, por sua vez, diz não ter criticado todos os veteranos de guerra, e sim aqueles que defendem o sistema comunista. ‘Eu insultei os veteranos do comunismo, mas não os veteranos da guerra contra o nazismo’, afirmou. ‘Meus oponentes estão tentando ignorar esta distinção’. O jornalista, que é casado e tem uma filha, diz que sua família vem sofrendo com ‘ameaças psicológicas’ e acredita que ‘provavelmente o Kremlin e [o primeiro-ministro] Vladimir Putin’ estejam por trás da campanha. ‘Eles querem limitar a liberdade de expressão na Rússia. É por isso que estão fazendo isso. Eles estão, gradualmente, nos levando de volta à União Soviética’, ressalta.
O ativista pelos direitos humanos Lev Ponomaryov acredita que as ameaças contra Podrabinek façam parte de um esforço para reabilitar a imagem do líder soviético Josef Stálin. Ponomaryov cita o partido de Putin, Rússia Unida, como responsável por esta campanha. ‘O Estado russo desenvolveu um alarmante padrão de usar jovens russos no Nashi, que é controlado pelo Rússia Unida, para atacar seus inimigos’, afirma o ativista. ‘A reabilitação de Stálin tem como objetivo abrir o caminho para o retorno de Putin como um líder autocrático’. O porta-voz do premiê, Dmitry Peskov, diz que as alegações são infundadas. Informações de Ben Judah e David Nowak [AP, 1/10/09].