Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Jornalista preso anuncia greve de fome

O jornalista venezuelano Leocinis Garcia, preso há dois anos sem julgamento, comunicou pelo Twitter, no dia 30/6, que optou por dar início a uma greve de fome. ‘Estou começando uma greve de fome por tempo indeterminado até que o juiz Jesus Jimenez pare de trabalhar no meu caso’, afirmou Garcia. Não são conhecidas as razões por trás do pedido do jornalista.


Garcia foi preso em maio de 2008, acusado por cinco crimes, incluindo posse ilegal de arma de fogo, resistência à autoridade e danos de propriedade. Ele alega, no entanto, que foi preso por publicar artigos críticos à indústria petrolífera administrada pelo governo. Em agosto de 2008, o jornalista alegou ter sido torturado pela polícia secreta do país. Seu pai teme que Garcia seja morto na penitenciária de Tocuyito.


Censura constante


Organizações em defesa dos direitos humanos acusam com frequência o presidente Hugo Chávez de intimidar e punir cidadãos com base em suas crenças políticas. Em junho, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos enviou uma carta ao Ministério do Exterior da Venezuela criticando o governo por sua atitude em relação à liberdade de expressão. A mensagem citava três casos, entre eles a condenação, na semana anterior, do jornalista Francisco ‘Pancho’ Perez, por ‘difamar autoridades’. Perez foi sentenciado a quatro anos de prisão e multa de mais de US$ 18 mil.


A acusação foi motivada por uma coluna publicada em 2009, em um jornal da cidade de Carabobo, sobre diversos membros da família do prefeito contratados pelo governo local. ‘A evidente desproporção da sentença por conta da publicação de um artigo claramente de interesse público demonstra o grave estado de vulnerabilidade em que se encontra a liberdade de expressão na Venezuela’, declarou a comissão.


Em fevereiro, a entidade emitiu um relatório de 319 páginas acusando o país de violar rotineiramente os direitos humanos, responsabilizando a falta de independência do judiciário e do legislativo pelos abusos. ‘O relatório mostra que o poder punitivo do governo está sendo usado para intimidar as pessoas por conta de suas opiniões políticas. A comissão acredita que estas condições não são viáveis para que jornalistas trabalhem livremente’, dizia o documento.


De acordo com críticos de Chávez, seu governo reprime oponentes políticos e a expressão de ideias por meio de detenções, além do fechamento de jornais e revogação de licenças de funcionamento de emissoras de TV e rádio. Há atualmente cerca de 40 prisioneiros políticos no país – em sua maioria, jornalistas e ex-militares ou policiais envolvidos em uma tentativa de golpe contra o presidente em abril de 2002. Muitos deles ficam presos por longos períodos sem julgamento ou enfrentam processos que se arrastam por meses ou anos. Os condenados, em geral, recebem sentenças questionáveis. O governo, por sua vez, nega acusações de violação de direitos humanos. Informações da CNN [5/6/10].