O apresentador Leonid Parfyonov foi demitido pela emissora russa NTV após não aceitar a censura de uma entrevista com a viúva do líder rebelde checheno Zelimkhan Yandarbiyev, morto no Catar, em seu programa dominical Namedni. A chefia do canal argumentou que o material poderia prejudicar o julgamento dos dois agentes russos presos no país árabe sob acusação de terem eliminado o checheno. Mas Parfyonov acredita que a decisão de não exibir a entrevista foi, na verdade, resultado de pressão do serviço de segurança do governo. A discordância foi o suficiente para que a NTV alegasse quebra de contrato.
Como reporta a agência Reuters [2/6/04], a rede foi a primeira televisão independente russa a surgir após o fim da União Soviética. Contudo, seu ex-dono, Vladimir Gusinsky, foi obrigado a vendê-la à estatal energética Gazprom por causa de dívidas. O presidente russo, Vladimir Putin, acusado por críticos de agir nos bastidores para calar qualquer meio de comunicação destoante de suas vontades políticas, afirma que nada tem a ver com o negócio. Gusinsky acabou se exilando do país.
O presidente da União de Jornalistas da Rússia, Igor Yakovenko, diz que a saída do ar de Parfyonov acabou com suas últimas ilusões com relação à liberdade de imprensa no país. ‘Agora ficou claro que nada é permitido a ninguém e que o canal não se preocupa sequer com seus índices de audiência’. O âncora diz que o incidente provavelmente pôs fim à sua carreira em programas com conteúdo político. ‘De fato, esses programas só existem nos canais grandes, que são todos controlados pelo Estado’.