O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) condena o recente atentado contra o jornalista mexicano Jorge Cardona Villegas, que cobre a editoria de polícia no estado de Novo León, localizado no norte do país. Cardona permanece escondido.
Por volta das 5h50 da segunda-feira, 7 de fevereiro, a residência e o carro de Cardona foram atingidos por vários disparos em seqüência, supostamente realizados por uma única pessoa armada, declarou ao CPJ o sub-procurador do Ministério Público Aldo Fasci Zuazua. Cardona, que vive sozinho e dormia no momento do ataque, se atirou ao chão, permaneceu agachado até a chegada da polícia e não sofreu ferimentos. A polícia encontrou mais de 50 cápsulas de balas de metralhadora.
Cardona cobre a área policial para a estação Televisa Monterrey, repetidora da cadeia Televisa na cidade de Monterrey, no estado de Novo León. Juan Francisco Cobos, diretor de notícias da Televisa Monterrey, disse que nem Cardona nem o pessoal da estação haviam recebido ameaças.
Cobos considera que o atentado possa ser em represália a uma reportagem de duas partes que o canal transmitiu em 3 e 4 de fevereiro. Cardona informou sobre os casos de vários cidadãos norte-americanos que haviam desaparecido ou haviam sido seqüestrados na cidade fronteiriça de Nuevo Laredo, localizada no estado de Tamaulipas, em frente à cidade texana de Laredo.
Na reportagem, familiares das vítimas implicaram as autoridades nos seqüestros e nos desaparecimentos. Cardona também entrevistou um ex-membro de um grupo paramilitar conhecido como Los Zetas, supostamente integrado por desertores do exército que realizam tarefas de proteção e inteligência para o cartel de narcotráfico do Golfo, com sede em Tamaulipas. A conclusão da reportagem era que Los Zetas estavam diversificando suas atividades e incluindo seqüestros, afirmou Cobos.
As autoridades estatais iniciaram as investigações do atentado a Cardona. O sub-procurador Fasci assinalou que o Ministério público segue duas linhas de investigação. Uma, de maior peso, está relacionada com o trabalho jornalístico de Cardona na fronteira; a segunda se concentra em assuntos pessoais.
O repórter permanece em local não revelado, segundo Cobos.
Os repórteres que trabalham na fronteira entre Estados Unidos e México enfrentam graves perigos ao cobrir temas delicados, como o narcotráfico. Dois jornalistas da fronteira morreram por causa de seus trabalhos em 2004. Em junho, Francisco Ortiz Franco, editor e repórter do semanário Zeta, foi assassinado a balas em plena luz do dia no centro de Tijuana. Em agosto, Francisco Arratia Saldierna, colunista de quatro diários que freqüentemente escrevia sobre o crime organizado e a corrupção, morreu após uma brutal surra na cidade de Matamoros, perto da fronteira com o Texas.