Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Jornalista tenta suspender multa exorbitante

Os advogados da jornalista e professora americana Toni Locy tentam suspender uma ordem de pagamento de milhares de dólares imposta por ela não ter identificado fontes confidenciais no tribunal. Toni, ex-repórter do jornal USA Today, foi punida por não contar à justiça quem identificou a ela o ex-cientista do Exército Steven Hatfill como um possível suspeito nos ataques com antraz, em 2001. Hatfill processa o Departamento de Justiça americano e o FBI e precisa saber quem informou à imprensa que havia suspeitas de que ele estaria envolvido com os ataques com correspondências contaminadas, que deixaram cinco mortos nos EUA naquele ano.

Na sexta-feira (7/3), o juiz federal Reggie Walton determinou que a jornalista comece a pagar uma multa que chega a US$ 5 mil por dia, do próprio bolso, até que decida identificar suas fontes. Les Machado, um dos advogados de Toni, afirmou que a ordem do juiz é algo ‘sem precedente’. Walton enfatizou que a multa deve ser paga pela jornalista, e não por seus ex-empregadores. ‘Nem sua mãe pode ajudá-la’, diz Machado.

A jornalista afirma que não tem condições de pagar a multa – que sobe a cada sete dias. Nesta primeira semana, o valor é de US$ 500 por dia; na segunda, vai a US$ 1.000; e na terceira chega a US$ 5 mil diários. O juiz marcou uma audiência para o início de abril para discutir novas sanções caso Toni continue a não colaborar com a justiça. ‘Eu não tenho US$ 46 mil’, afirmou ela, sem saber o que poderá lhe acontecer. ‘Ele pode congelar minhas contas bancárias? Pode pegar a minha casa?’. Segundo Machado, não ficou claro o que acontecerá se sua cliente não puder pagar a multa. Ele teme, entretanto, que ela seja mandada para a prisão.

Seis jornalistas

Toni está entre os seis repórteres intimados pelos advogados de Hatfill para identificar fontes do governo que o indicaram como possível suspeito pelos ataques com antraz. Os advogados afirmam que o cientista precisa obter a identificação destas fontes para poder continuar seu processo contra o governo. Quatro dos jornalistas envolvidos conseguiram aprovação de suas fontes para que pudessem identificá-las. O juiz Walton considera acusar o quinto jornalista por desacato.

A ex-repórter conta que, na época em que trabalhava para o USA Today, conversou com alguns membros do governo sobre o caso das cartas com antraz sob a condição de que não fossem identificados. Ela afirma, entretanto, que não lembra qual destas fontes ligou Hatfill à investigação governamental sobre os ataques. O cientista, que trabalhava para o Exército como especialista em bioterrorismo, chegou a ser identificado como ‘pessoa de interesse’ no inquérito, mas nunca foi acusado formalmente. Ele processa o governo por ‘danos irreparáveis’ a sua reputação. Informações de Kevin Johnson [USA Today, 8/3/08].