O caso Clearstream, suposta armação que há cinco anos abalou o cenário político e empresarial francês e agora chega ao tribunal, virou arte. O escândalo ocorreu quando foram divulgadas listas – falsas – do banco Clearstream, de Luxemburgo, com nomes de personalidades da França que teriam recebido dinheiro ilícito proveniente da venda de fragatas a Taiwan na década de 90. O jornalista Denis Robert investigava suspeitas de lavagem de dinheiro e corrupção quando teve acesso aos tais documentos, que implicavam desde o político Nicolas Sarkozy, hoje presidente da França, à cantora pop Alizee. O jornalista logo percebeu que os papéis eram forjados, mas a história rapidamente provocou controvérsia, com o então primeiro ministro Dominique de Villepin acusado de tentar usar o material falso para prejudicar a carreira política de Sarkozy.
Na obra de arte inspirada no escândalo, dezenas de nomes, de chefões de empresas a políticos e espiões, estão unidos em uma grande rede de anotações feitas à mão – todas provenientes de blocos de Robert –, e-mails e recortes de jornais. A colagem, em uma parede de uma galeria de arte no bairro de Montmartre, em Paris, foi intitulada de ‘Lixo’. ‘Minha base está na escrita, então não vou inventar um novo personagem para mim. O material que uso são as palavras, então começo com palavras e depois posso usar fotos, imagens e outros elementos, mas meu trabalho é realmente feito de palavras’, afirmou o jornalista-artista na apresentação da exposição. Sobre a colagem de nomes – que basicamente é uma versão de um esquema feito por Robert para seguir as ligações entre as pessoas envolvidas no caso – aparece a expressão ‘História de Amor’ em letras cor de rosa. Informações de James Mackenzie [Reuters, 28/9/09].