No mês passado, o jornalista Mizanur Rahman sentiu um frio na espinha ao abrir uma carta e encontrar um tecido branco chamado ‘kafan‘, que simboliza um enterro islâmico, juntamente com uma carta que dizia que ele seria executado em breve devido aos artigos ‘anti-islâmicos’ escritos no jornal Daily Janakantha, sediado em Dacca. Assim como ele, outros oito jornalistas receberam no mesmo dia cartas e ‘kafans‘ semelhantes, em Satkhira, no distrito sul de Bangladesh.
As cartas estavam assinadas por líderes do grupo militante islâmico Jagrata Muslim Janata Bangladesh, do movimento ortodoxo islâmico Ahl-e-Hadith e do Jamat-e-Islamic Bangladesh, partido político islâmico aliado ao governo. Todas continham ameaças aos jornalistas devido a artigos escritos por eles criticando líderes islâmicos que querem transformar o país em uma completa nação islâmica: ‘Nós estamos determinados a transformar Bangladesh em um regime totalmente islâmico através de uma revolução armada. Vocês [os jornalistas] são alguns dos obstáculos em nosso caminho. Então, vocês devem ser removidos da Terra.’
Kalyan Banerjee, correspondente hindu de outro jornal em Dacca, Pratham Alo, afirmou que na carta que recebeu juntamente com o ‘kafan‘ havia a afirmação de que ‘religiosos hindus não seriam permitidos na Sagrada Bangladesh e nenhum hindu poderia votar nas próximas eleições parlamentares em Bangladesh’. Kalyan, que recentemente escreveu uma série de reportagens sobre o crescimento de atividades de extremistas islâmicos na área, disse ter recebido ameaças também por telefone.
Nos últimos dez anos, pelo menos 19 jornalistas foram assassinados e mais de 800 ficaram feridos em ataques apoiados por fundamentalistas islâmicos, partidos políticos, criminosos, policiais e diversas agências do governo. Informações do South China Morning Post [19/9/05].