Autoridades iraquianas querem que jornalistas locais e estrangeiros assinem um código de conduta em troca de permissão para cobrir as eleições das províncias, marcadas para o fim de janeiro. Diante do pedido, analistas de mídia temem que a independência da cobertura não seja respeitada. Membros do comitê eleitoral do país afirmam, entretanto, que o objetivo é garantir que haja uma cobertura justa e evitar distorções dos fatos.
O código, redigido por uma comissão do governo que fiscaliza as transmissões domésticas a pedido do comitê eleitoral, possui 14 páginas e afirma que as reportagens devem ser equilibradas e imparciais, além de proibir que a mídia falsifique ou descontextualize informações. O código também proíbe a cobertura de candidatos e suas campanhas políticas por dois dias antes da votação, em 31/1. As punições para quem violar as regras vão de avisos a multas de milhares de dólares.
Credencial
Os jornalistas devem assinar o documento para obter credenciais para eventos eleitorais, como coletivas de imprensa e pontos de votação. Este é o primeiro pleito em três anos no Iraque, e deve redistribuir o poder entre os grupos étnicos e religiosos do país. Críticos temem que o código dificulte o trabalho de jornalistas independentes, e sirva como uma espécie de controle sobre o que é divulgado. ‘Governos em todo o mundo estão sempre incitando a mídia a produzir coberturas imparciais e responsáveis. Mas, na realidade, trata-se de uma tentativa velada de se controlar as notícias’, afirma Robert Mahoney, vice-diretor do Comitê para a Proteção dos Jornalistas.
Representantes do Sindicato de Jornalistas Iraquianos devem se reunir com membros do comitê eleitoral, esta semana, para discutir a possibilidade da criação de um comitê conjunto para analisar qualquer impasse relacionado ao cumprimento do código. ‘Como sindicato, nós consideramos qualquer regulação que limite o trabalho jornalístico como restrição, mas entendemos que o comitê eleitoral tenta encorajar os repórteres a fornecer uma cobertura imparcial e objetiva’, afirma Mouyyad al-Lami, presidente do Sindicato. Informações de Kim Gamel [Associated Press, 10/1/09].