Dois jornalistas que cobriam os protestos dos Camisas Vermelhas em Bangcoc, na semana passada, foram feridos durante uma troca de tiros entre soldados e manifestantes. O repórter canadense Nelson Rand, da France 24, foi atingido na perna, no abdômen e na mão por tiros de rifle. ‘Ele passou por uma longa operação e está, aos poucos, recuperando a consciência’, afirmou Cyriel Payen, chefe de redação da sucursal do canal francês na Tailândia.
Um fotógrafo do jornal tailandês Matichon também ficou ferido no incidente. Os Camisas Vermelhas são seguidores do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra e querem que o atual premiê, Abshisit Vejjajiva, renuncie para que sejam realizadas novas eleições.
Falta de segurança
A organização Repórteres Sem Fronteiras [14/5/10], com sede em Paris, pediu ao Exército tailandês e aos manifestantes que garantam a segurança dos jornalistas que cobrem os incidentes na capital do país. ‘A confusão que reina em diversas partes de Bangcoc não é suficiente para explicar os ferimentos a bala sofridos por jornalistas tailandeses e estrangeiros desde abril’, declarou. ‘Ambos os lados devem cooperar com a lei internacional, segundo a qual jornalistas não podem ser alvos militares. Também pedimos uma investigação para descobrir quem deu ordens para atirar em um general rebelde quando ele era entrevistado por jornalistas’.
O general Khattiya Sawasdipol, líder dos Camisas Vermelhas, foi morto enquanto era entrevistado pelo repórter Thomas Fuller, do International Herald Tribune. ‘Estava olhando para ele, que me respondia, e parece que a bala passou por mim e atingiu sua cabeça’, contou o jornalista.
A organização lembrou, ainda, que a Tailândia foi eleita recentemente para o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Diversos sites, como o Prachatai, no entanto, estão bloqueados e outros costumam ter seu conteúdo censurado. No dia 10/4, Hiroyuki Muramoto, cinegrafista japonês que trabalhava para a agência de notícias Reuters, foi morto por um tiro; outro cinegrafista, da France 24, ficou ferido. Ainda não foram divulgados os resultados da investigação oficial sobre a morte de Muramoto.
O Comitê para a Proteção dos Jornalistas [14/5/10], com sede em Nova York, também expressou sua preocupação com os protestos no país. ‘O CPJ pede a ambos os lados do conflito que tomem medidas para proteger jornalistas que possam ser atingidos’, disse Bob Dietz, coordenador da entidade na Ásia. A crise, iniciada há dois meses, já matou dezenas de pessoas e feriu mais de mil, além de paralisar partes de Bangcoc.