Os repórteres políticos do Herald-Sun Gerard McManus e Michael Harvey podem ser presos caso não informem os nomes das fontes que lhe forneceram documentos confidenciais. Os documentos revelam os planos do governo australiano de fugir do pagamento de US$ 376 milhões prometido aos veteranos de guerra e suas famílias, informa a AP [24/8/05]. Os dois jornalistas escreveram um artigo em fevereiro sobre a decisão do governo de ignorar 60 das 65 determinações de benefícios a veteranos. O funcionário do governo Desmond Patrick Kelly seria suspeito de ter vazado as informações. Depois da publicação da polêmica matéria, o governo voltou atrás em sua decisão.
O ministro das Finanças, Nick Minchin, afirmou que, embora os jornalistas estejam numa posição difícil para proteger suas fontes, eles são sujeitos a ser julgados pela lei. ‘Ninguém está acima da lei e o vazamento intencional de informações oficiais do governo não deve ser tolerado’, afirmou Minchin. O desembargador Michael Rozenes alertou aos jornalistas, na semana passada, que eles estão legalmente forçados a dizer ao tribunal como obtiveram tais informações. A recusa em responder será considerada um ‘claro caso de desobediência à Corte’, o que pode condená-los a dias ou semanas de detenção. Os repórteres alegaram, no entanto, que isto poderia ser uma traição à obrigação de proteger suas fontes. Eles podem ser convocados pela Corte novamente em setembro.
A organização Repórteres Sem Fronteiras [24/8/05] declarou em seu sítio de internet que a atitude judiciária vai contra o princípio de sigilo de fontes e a liberdade de expressão. Em julho, a jornalista americana Judith Miller foi condenada à prisão por se recusar a revelar suas fontes sobre o vazamento da identidade de uma agente da CIA perante o grande júri. Miller ficará presa até outubro, a menos que resolva revelar a identidade de suas fontes à justiça. Ao completar 50 dias de prisão, uma petição assinada por 27 personalidades da Europa foi entregue à justiça americana com um pedido de libertação da jornalista.