Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornalistas libertados após 15 meses de cativeiro

Dois jornalistas freelancers – a repórter canadense Amanda Lindhout e o fotógrafo australiano Nigel Brennan – foram soltos na Somália na quarta-feira [25/11] após passarem mais de um ano em cativeiro, noticia Ibrahim Mohamed [Reuters, 25/11/09]. Eles contaram ter sido torturados e temeram serem vendidos para rebeldes linha-dura. Os dois foram presos em 2008, quando iam visitar um campo de refugiados. ‘Fui torturada e agredida. Estava em uma situação extremamente difícil’, desabafou Amanda.


Segundo Brennan, os sequestradores foram bons com eles no começo, mas as condições pioraram com o passar do tempo e ele achava que seriam entregues para os rebeldes al-Shabaab. ‘Eles diziam que o al-Shabaab queria pagar meio milhão de dólares por nós, para então nos manter reféns para ter o que queriam’, contou. ‘Fomos tirados de nossos quartos, nos disseram para colocar roupas novas e então fomos jogados em um carro – não tinha ideia de onde estavam nos levando’.


O jornalista somali Abdifatah Mohammed Elmi, que trabalhava como intérprete para a dupla e também foi sequestrado, foi solto em janeiro deste ano. Em maio, Amanda e Brennan chegaram a pedir ajuda por telefone. A Somália, que não tem um governo unificado efetivo há 18 anos, é um lugar perigoso para voluntários e jornalistas estrangeiros, que correm o risco de serem sequestrados em troca de resgate. Desde que a insurgência começou, em 2007, 19 mil civis foram mortos. A administração do presidente Sheikh Sharif Ahmed, apoiada pelo Ocidente, combate grupos rebeldes, mas controla poucas áreas da capital.


A família de Brennan teve papel importante na libertação. Depois do apoio sem resultados concretos dos governos da Austrália e Canadá, os parentes do fotógrafo resolveram agir sozinhos e contrataram um negociador particular por três mil dólares por dia. A família se desesperou depois que Brennan ligou para o irmão, em julho, dizendo que estava doente e sem acesso a remédios. A partir daí, foram vendidos carros e casas. Não se sabe exatamente quanto dinheiro foi necessário para a soltura dos jornalistas, mas há rumores de que tenha sido pelo menos US$ 1 milhão.