Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornalistas lutam pelo on na Casa Branca

Chefes dos escritórios de Washington de grandes veículos de comunicação americanos, como AP, The New York Times, Los Angeles Times, ABC e USA Today, enviaram uma carta aos colegas que cobrem a Casa Branca para que se unam contra as ‘coletivas off the record‘ que o governo Bush instituiu como praxe. Geralmente antes de algum evento importante, como uma viagem ou discurso do presidente, algum funcionário de alto escalão responde perguntas dos jornalistas sob a condição de anonimato.

Os jornalistas querem fazer pressão para que esses figurões falem em on, pois a falta de fontes identificadas nas matérias sobre o governo têm prejudicado a credibilidade das reportagens. Os editores que assinaram a mensagem aos colegas querem que os correspondentes que participam dessas coletivas – muitas vezes realizadas por telefone – protestem e questionem o motivo pelo qual não se permite a identificação do interlocutor.

A atual presidência americana é uma das mais fechadas para a imprensa que já houve. Segundo reporta a Editor & Publisher [3/5/05], o secretário de imprensa de George W. Bush, Scott McClellan, o responsável pelas estratégias evasivas, respondeu à articulação dos veículos afirmando que seria o primeiro a apoiar que os integrantes do governo só falassem em on se a imprensa abandonasse definitivamente o uso de fontes confidenciais. A proposta obviamente interessaria muito à Casa Branca, mas, para os jornalistas, só pode ser entendida como uma brincadeira.

Alguns veteranos de cobertura na capital americana chegaram a sugerir um boicote às ‘coletivas em off’. O ex-editor-executivo do Washington Post, Ben Bradlee, é um dos que defendem que essa idéia deveria ser discutida. No entanto, ele mesmo lembra que já tentou fazer algo semelhante nos anos 60, mas não houve união suficiente entre os jornalistas. Hoje, o problema possivelmente se repetiria, pois o excesso de competitividade acabaria fazendo com que alguns veículos não aderissem ao boicote.