Jornalistas foram às ruas de Bagdá, na semana passada, para protestar contra o que alegam ser pressão política para censurar a mídia, noticia Sameer N. Yacoub [Associated Press, 14/8/09]. O protesto ocorreu depois que o clérigo xiita Jalaluddin al-Saghir abriu uma ação contra o jornalista Ahmed Abdul-Hussein por conta de um artigo sobre um assalto a um banco na capital do país que deixou oito seguranças mortos. O repórter sugeriu que um partido político teria apoiado o assalto, alegando que os US$ 7 milhões roubados seriam usados para financiar campanhas políticas – mas não forneceu nenhuma prova ou nomeou algum partido.
Guardas presidenciais foram acusados de participar do assalto, no dia 28/7, ao banco estatal em Bagdá. O vice-presidente Adel Abdul-Mahdi, membro do Conselho Islâmico Supremo Iraquiano, maior partido xiita, negou qualquer envolvimento. Ele enfrenta críticas de oponentes políticos por conta do caso, especialmente depois que autoridades descobriram que o dinheiro roubado foi encontrado no escritório de um dos jornais do qual é proprietário. O vice-presidente defendeu-se, dizendo que as acusações tiveram motivação política.
Repressão
O caso de Abdul-Hussein serviu de gota d’água para a frustração dos jornalistas, que nos últimos anos tem sido agredidos e presos por forças de segurança por tentar registrar ataques de insurgentes ou manifestações populares. ‘Estamos aqui para rejeitar a censura do governo e a intervenção no nosso trabalho. Países democráticos não devem temer uma mídia livre’, afirmou Ziyad al-khafaji, da organização independente Observatório da Liberdade Jornalística, durante o protesto.
Os manifestantes levavam cartazes com frases como ‘não matem a verdade’ e gritavam ‘Sim à liberdade. Não a silenciar os jornalistas’. Não houve registro de violência durante o protesto. ‘É papel dos jornalistas revelar a verdade e somos contra qualquer tipo de censura à mídia’, disse Fawzi al-Atroushi, vice-ministro da Cultura, que também esteve na manifestação. ‘Somos contra qualquer ameaça feita a jornalistas’.