Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornalistas são presos em invasões a redações

Agentes de segurança do Irã invadiram a sede de quatro jornais e prenderam diversos jornalistas no que parece ser uma ação planejada para intimidar a mídia a poucos meses da eleição presidencial em junho. Fontes em Teerã disseram que os jornais Etemaad, Shargh, Bahar e Arman foram alvos de um grupo de policiais à  paisana que saquearam os escritórios, filmaram os funcionários, confiscaram documentos e prenderam jornalistas no domingo (27/1).

Quando o diário inglês The Guardian telefonou para os jornais Etemaad e Bahar, os policiais ainda estavam presentes e os editores não puderam falar. O editor-chefe do Etemaad, Javad Daliri, está entre os pelo menos 10 jornalistas presos.

A agência semioficial Mehr confirmou que jornalistas foram presos e disse que os policiais tinham mandados de prisão emitidos por juízes. Entre os repórteres presos estão Sassan Aghaei, Nasrin Takhayori, Pourya Alami, Emili Amraee, Pejman Mousavi, Saba Azarpeik, Narges Joudaki, Motahareh Shafiee e Akbar Montajebi. Jornalistas da revista Aseman também foram presos.

De acordo com o site Kaleme, próximo do líder oposicionista Mir Hossein Mousavi, dois outros jornalistas foram presos no domingo: Milad Fadayi-Asl, editor de política na Agência de Notícias de Trabalho Iraniana, e Suleiman Mohammadi, repórter do jornal reformista Bahar. Ambos foram levados para a prisão de Evin, em Teerã.

Razões obscuras

As razões por trás das prisões de domingo ainda não são claras, mas a agência semioficial Mehr disse que os jornalistas foram acusados de cooperar com organizações midiáticas “antirrevolucionárias” de outros países. O Irã já havia prendido pessoas acusadas de ter ligação com organizações de notícias estrangeiras, especialmente o serviço em persa da BBC, que é abominado pela República Islâmica, mas permanece popular pelo país.

Também no domingo, oficiais de justiça ordenaram o bloqueio do site de notícias Tabnak, próximo do ex-presidente conservador Mohsen Rezaee. A prisão de jornalistas no Irã não é limitada àqueles próximos dos reformistas. O conselheiro de mídia do presidente Mahmoud Ahmadinejad, Ali Akbar Javanfekr, foi sentenciado a seis meses de prisão em setembro passado.

De acordo com o Comitê de Proteção a Jornalistas, o Irã é atualmente o segundo país do mundo que mais prende jornalistas, com 45 profissionais detidos. Jornalistas iranianos no exílio não estão imunes à repressão, nem a mídia estrangeira dentro do país. Alguns profissionais exilados já reclamaram que seus familiares no país foram repetidamente ameaçados e convocados para interrogatórios. No ano passado, o escritório da Reuters no Teerã foi fechado e pelo menos um funcionário foi interrogado.

“A situação para os jornalistas iranianos independentes piora a cada dia”, disse o diretor do Comitê de Proteção a Jornalistas, Rob Mahoney, em outubro. “Perseguições e prisões são uma tentativa de intimidar a mídia a se autocensurar e silenciar. A comunidade internacional precisa falar se manifestar contra essas ações.”