Stephen Farrell, Tyler Hicks, Lynsey Addario e Anthony Shadid, os quatro jornalistas do New York Times sequestrados na Líbia em março, foram entrevistados na semana passada pelo âncora Anderson Cooper, na emissora de notícias CNN. Os profissionais contaram suas experiências nos seis dias em que ficaram em poder de militares leais ao ditador Muamar Kadafi.
Os jornalistas deixavam a cidade de Ajdabiya quando tiveram que parar em um bloqueio militar. Shadid, chefe da sucursal do diário em Beirute, no Líbano, lembrou do medo de ser morto nos primeiros momentos após ser capturado, quando ele e seus colegas foram forçados a deitar no chão. Ele ouviu um dos soldados falando ‘atire neles’, enquanto outro respondeu ‘não pode, eles são americanos’. Shadid diz que no momento não sentiu pânico, apenas um vazio por saber que ‘o momento estava chegando’. ‘É difícil de explicar’, completou. O motorista que os acompanhava, identificado como Mohammed, continua desaparecido. Os jornalistas têm pouca esperança de que ele esteja vivo.
Momentos de terror
O videorepórter Stephen Farrel, que já havia passado por situações como esta por duas vezes, no Afeganistão e no Iraque, contou que, mesmo achando que seria morto, insistiu em fazer contato visual com seus captores. ‘Não há sentido em correr numa situação assim, porque você está cercado por homens armados. E, se você virar as costas, eles simplesmente vão atirar e vão gostar de fazê-lo’.
Shadid disse acreditar que eles não foram mortos porque os militares viram que haveria consequências em se atirar em quatro jornalistas ocidentais – três americanos e um britânico – em um posto de controle no meio da estrada.
A fotojornalista Lynsey contou que, assim que foi colocada em um carro, com os pulsos amarrados, levou um soco no rosto. Quando começou a chorar, seu agressor riu. Única mulher do grupo, ela disse ter sido apalpada o tempo todo em que esteve em poder dos captores, e conta que temia ser estuprada. ‘O meu maior medo era ser separada do grupo’. Lynsey lembrou que certa vez tentaram puxá-la da cela em que estava pela perna. Vendada, conseguiu se agarrar em Shadid e não soltou mais. O agressor mais uma vez riu, mas desistiu de tirá-la dali.
Veja a entrevista (em inglês):