Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Jornalistas sofrem atentados na Grécia

 

A polícia grega está à procura dos responsáveis por detonar bombas caseiras na casa de cinco jornalistas em Atenas. O ato faz parte de uma série de ações recentes contra repórteres gregos que trouxeram à tona as más perspectivas para a liberdade de imprensa no país. Um grupo anarquista chamado Amantes da Ilegalidade se disse o responsável pelos ataques no dia 11/1, citando a cobertura dos jornais sobre a crise financeira como simpática às medidas de austeridade impostas pelo governo grego e líderes externos. Segundo o grupo, em uma declaração publicada na internet, a indústria jornalística é “a principal mantenedora da estrutura opressora estatal, manipulando a sociedade de acordo com esses interesses”.

A ONG Repórteres Sem Fronteiras condenou os atentados em que explosivos amarrados a recipientes de gás foram detonados na casa do editor da Agência de Notícias de Atenas, Antonis Skylakos, e dois empregados de canais de televisão, Giorgos Oikonomeas e Antonis Liaros. Também eram alvos Petro Karsiotis, repórter policial, e Christos Konstas, ex-jornalista, hoje porta-voz da agência governamental responsável pela privatização dos bens gregos. Ninguém ficou ferido. “Os ataques são uma expressão clara do clima de perigo cercando os jornalistas, que estão se tornando bode expiatórios da crise que estão apenas analisando”, disse a Repórteres Sem Fronteiras.

O ativismo de grupos de ultraesquerda está crescendo após a série de ameaças e ataques a jornalistas no ano passado pela Golden Dawn, um grupo de ultradireita e neofascista. Na semana passada, cerca de 50 homens entraram na estação de rádio Real FM e exigiram que uma gravação fosse tocada, expressando solidariedade a um grupo de ocupadores expulsos de Villa Amalia, um polo no centro de Atenas para grupos de esquerda e estudantes.“Ontem eles invadiram estações de rádio. Hoje eles explodem a casa de jornalistas”, disse o porta-voz do governo de coalizão, Simos Kedikoglou. “Existe um óbvio esforço para aterrorizar a mídia, uma parte vital de nossa democracia”.

A polícia grega também aumentou sua atividade. Dimitris Trimis, presidente do Sindicato de Jornalistas, disse que a polícia impediu por horas que jornalistas cobrissem o julgamento das pessoas presas em Villa Amalia. A polícia negou a acusação. Em novembro, 15 policiais cercaram a casa do editor da revista HotDoc e o prenderam horas depois que ele publicou uma lista de mais de dois mil gregos com contas na Suíça. Kostas Vaxevanis, o editor, foi posto em julgamento por violação de privacidade e absolvido pelo juiz, mas ainda enfrenta o caso após o promotor recorrer da sentença. Informações de Liz Alderman [The New York Times, 13/1/13].