Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Jornalões disputam público, anunciantes e slogan

‘Não apenas a Wall Street. Todas as ruas’. Estas duas frases, publicadas em anúncio no Wall Street Journal do dia 26/5, estão dando o que falar. Advogados do grupo New York Times Company enviaram na semana passada uma carta ao WSJ pedindo que eles parem de usar o slogan, para o qual o NYTimes alega ter um registro de marca pendente, caso contrário tomarão medidas legais.

O grupo garante que está usando um slogan idêntico em sua campanha na cidade de Nova York e não concedeu à editora do WSJ, a Dow Jones, licença para usá-lo. ‘Estamos orgulhosos pela sua admiração em nossos esforços de marketing, mas observem que o NYTimes é detentor dos direitos de marca do slogan e a apropriação descarada de nossos direitos de propriedade intelectual constitui um infringimento intencional e a diluição dos direitos sob o Ato Lanham’, escreveu o advogado Richard Samson.

Uma porta-voz do WSJ disse que o anúncio foi publicado uma vez no jornal, uma no New York Post, que é de propriedade da News Corporation, e periodicamente no site do WSJ. ‘Não fique muito preocupado. Nunca tivemos a intenção de publicar o anúncio por muito tempo’, ironizou a Dow Jones, que também pertence à News Corp, em resposta ao NYTimes.

Concorrentes

Os desentendimentos entre o WSJ e a New York Times Company tiveram início com o lançamento, em abril, de um caderno de notícias do WSJ voltado a Nova York – competindo diretamente com o Times por público e anunciantes. Em anúncios recentes, o WSJ disse que sua seção de Nova York, batizada de ‘Greater New York’, está ‘à frente do tempo‘, em alusão ao Times. Em resposta, o Times lançou um comercial de TV no qual dizia, ‘Só há um jornal que cobre Nova York como o New York Times: o New York Times‘.

Na disputa entre os diários, a CEO da New York Times Company, Janet Robinson, garantiu que a tiragem do jornal não foi afetada pelo caderno do WSJ – que, por sua vez, concentra-se em promover a nova seção e em oferecer descontos para conquistar os anunciantes. ‘Definitivamente, não estamos vendo nenhum efeito na nossa tiragem. Eles estão dando descontos? Sim, muito mesmo’, disparou. ‘Se eles querem deixar os dólares na mesa e dar anúncios de graça, estamos mais que felizes em pegar este dinheiro’. Emily Edmonds, porta-voz do WSJ, declarou que o jornal aumentou os lucros publicitários em abril e maio, sem dar maiores detalhes.

Os números revelam, no entanto, que a tiragem nacional do NYTimes caiu 8,5%, para 951.063, de outubro a março, enquanto no WSJ, que inclui os leitores pagantes do site, subiu pouco mais de 1%, para 2,09 milhões, segundo dados do Audit Bureau of Circulations. Para correr atrás do prejuízo, Janet disse que anunciantes apoiaram a decisão do grupo de começar a cobrar dos leitores pelo acesso ao site do NYTimes a partir do ano que vem. Informações de Russell Adams e Shira Ovide [Wall Street Journal, 3/6/10], da Editor&Publisher [4/6/10] e de Greg Bensinger [Bloomberg, 4/6/10].