Jovens, aventureiros e munidos das mais versáteis ferramentas da era da internet. Assim é a nova geração de jornalistas que viaja por todo o mundo para contar histórias com uma perspectiva pessoal. Embora seja encantadora, a experiência pode ser também arriscada, em especial em países do Oriente Médio, Ásia e África. ‘Jornalismo não é mais uma profissão fechada’, afirma Marc Cooper, diretor de notícias digitais da Escola Annenberg de Jornalismo da Universidade do Sul da Califórnia.
Na semana passada, três americanos foram detidos por autoridades iranianas depois de terem ido parar na fronteira do país, tentando conseguir carona para um destino turístico no norte do Iraque. Um dos três, o repórter Shane Bauers, de 27 anos, é freelancer e documentarista que esteve no local para conferir as eleições na região curda do Iraque. Todos foram estudantes da Universidade da Califórnia e foram presos sob acusação de entrar ilegalmente no Irã. Joshua Fattal também tem 27 anos e Sarah Shourd tem 30. Amigos garantem que eles não tinham a intenção de ir para o Irã e provavelmente acabaram parando por engano na fronteira.
Bauers se formou com louvor em 2007 em mestrado em estudos de paz – disciplina com base em encontrar alternativas pacíficas para resolver conflitos. Seus professores ficaram impressionados com sua dedicação. ‘Ele sempre quis ir a campo realizar entrevistas. Esta era sua paixão, mesmo eu lhe dizendo que ele teria sucesso na academia’, lembra o chefe de departamento Jerry Sanders. Quando ainda era estudante, Bauers foi para Darfur para investigar a situação da região. ‘Ele queria capturar todos os lados da história’, diz Sanders. Além do Sudão, ele já esteve em Damasco, na Síria, de onde viajou para a Palestina e o Iraque.
Profissão-perigo
As americanas Euna Lee, de 32 anos, e Laura Ling, de 36, ficaram conhecidas em todo o mundo depois de serem presas e condenadas a 12 anos de trabalhos forçados por entrarem ilegalmente na Coréia do Norte, em março. As duas jornalistas, que trabalham para a emissora interativa Current TV, foram soltas há uma semana após negociações do ex-presidente Bill Clinton com o líder norte-coreano Kim Jong Il.
No começo do ano, a jornalista freelancer Roxana Saberi, de 32 anos, foi presa por quatro meses no Irã, após ter sido acusada de praticar atos de espionagem para os EUA. Depois de grande campanha internacional, a corte de apelações suspendeu sua sentença de oito anos de prisão.
Sem fronteiras
Para Marc Cooper, que faz reportagens ao redor do mundo há 30 anos, sempre houve jovens interessados em fazer matérias em outros países. O que mudou foram os modos de contar as histórias. Hoje em dia, é muito mais fácil ter o equipamento necessário e, além dos canais de notícias tradicionais, há a grande audiência da internet.
‘As barreiras caíram. Isto se aplica igualmente para contar a história de um gato na árvore na vizinhança e para divulgar notícias da fronteira do Irã com o Iraque’, compara o professor. Informações de Jason Dearen e Michelle Locke [AP, 5/8/09].