A internet e as redes sociais tiveram papel fundamental na mobilização da classe média jovem do Egito nos protestos antigoverno dos últimos dias. As manifestações, que já deixaram seis mortos e milhares de pessoas presas, foram inspiradas na recente revolta que derrubou o presidente da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali. O Facebook e o Twitter tornaram-se ferramentas importantes para o movimento egípcio organizar os protestos de oposição ao regime. ‘O que aconteceu no Egito foi quase que totalmente organizado no Facebook’, disse o blogueiro político Issander al-Amrani.
O Movimento de 6 de abril, grupo de ativistas pró-democracia fundado em 2008 e que age fundamentalmente na web, lançou uma pesquisa dias antes do início dos protestos perguntando quem iria participar das manifestações marcadas para o dia 25/1. Quase 90 mil pessoas responderam que sim, no que se tornou um dos maiores protestos antigoverno na história da administração de 30 anos do presidente Hosni Mubarak.
Bloqueios
Na tentativa de conter a disseminação de informações, o site de compartilhamento de vídeos sueco Bambuser e o Twitter foram bloqueados – embora a informação tenha sido negada pelo governo. Celulares também não tiveram sinal na praça Tahrir, no centro da capital, Cairo, que tem servido de ponto de encontro dos manifestantes. Diante das tentativas de bloqueio de informação, ativistas pró-democracia contra-atacaram divulgando dicas tecnológicas para superar os obstáculos e permitir que a mobilização continuasse.
O uso da internet no Egito cresceu significativamente nos últimos anos, de 23 milhões para mais de 80 milhões de internautas regulares ou casuais até o final de 2010, um aumento de 45% ao ano. A telefonia móvel também está crescendo, com 65 milhões de assinantes, 23% a mais ao ano. ‘A revolução da Tunísia foi, claro, uma inspiração. A escala inesperada dos protestos se deve a diversos fatores, incluindo obstáculos ao progresso político por conta do regime no poder há 30 anos’, avalia Amr al-Choubaki, analista do Centro Ahram para Política e Estudos Estratégicos. Informações de Christophe de Roquefeuil [AFP, 26/1/11].