O ciberativista Julian Assange refugiou-se esta semana na embaixada do Equador em Londres e pediu asilo político ao presidente Rafael Correa. Ele acredita que, se for extraditado para a Suécia, será entregue aos EUA – onde teme sofrer perseguição política. Segundo o advogado Michael Ratner, do Centro de Direitos Constitucionais em Nova York, Assange teme “não ver a luz do dia pelos próximos 40 anos” caso seja mandado para a Suécia. Ratner, que representa o fundador do WikiLeaks nos EUA, afirmou que a equipe legal que cuida do caso acredita fortemente que Assange seria extraditado para os EUA se botasse os pés na Suécia.
Na semana passada, a Suprema Corte britânica rejeitou o último apelo para que a extradição fosse negada. Assange, que é australiano, está em prisão domiciliar em Londres desde o fim de 2010. Ele é acusado na Suécia, por duas colaboradoras do WikiLeaks, de abuso sexual.
Os advogados acreditam que as acusações suecas seriam um pretexto para enviar seu cliente para os EUA, onde ele poderia ser processado sob acusações de espionagem – por conta de milhares de documentos sigilosos do governo americano vazados pelo WikiLeaks nos últimos anos. Ações deste tipo podem levar à pena de morte. Sabe-se que os EUA iniciaram, em maio de 2011, uma investigação sobre Assange e o WikiLeaks, mas até agora o país não fez nenhum pedido de extradição ao Reino Unido ou à Suécia.
Território diplomático
Jennifer Robinson, outra advogada do ciberativista, afirmou esta semana que, em fevereiro, a possibilidade de buscar asilo político começou a ser debatida – mas ressaltou que não foi avisada do plano. O ministro das Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patiño, afirmou na terça-feira (19/6) que Assange escreveu ao presidente Rafael Correa pedindo asilo. Assange havia entrevistado Correa no mês passado para seu programa de TV O Mundo Amanhã, exibido pela emissora estatal russa Russia Today. Durante esta entrevista, segundo informações da Associated Press, foi feita uma oferta de asilo. Não se sabe, no entanto, se ela teria partido pessoalmente de Correa.
Refugiado na embaixada equatoriana, o fundador do WikiLeaks permanece fora do alcance da polícia britânica por se tratar de território diplomático. Se tentar sair, no entanto, pode ser imediatamente preso, já que violou as condições de sua prisão domiciliar. O passaporte de Assange estaria confiscado com autoridades britânicas.
A embaixadora equatoriana, Anna Alban, afirmou que está trabalhando junto ao governo britânico para que os dois lados possam chegar a um acordo. Ela disse que não é intenção do Equador “interferir nos processos dos governos do Reino Unido ou da Suécia”, mas que é preciso encontrar uma “solução justa para esta situação”, ressaltando que o pedido de Assange seria analisado pelo Departamento de Relações Exteriores em Quito e seria levada em conta a “longa tradição equatoriana de apoio aos direitos humanos”.
No Rio de Janeiro, onde participa da Rio+20, Correa afirmou, em entrevista à BBC Mundo, que avaliará o pedido de Assange. “É preciso ver se há perigo de morte”, disse o presidente. Com informações do Guardian.co.uk [20/6/12].