Autoridades iraquianas lançaram um disque-denúncia para proteger jornalistas no Iraque, noticia Aseel Kami [Reuters, 8/10/08]. Policiais afirmam que já conseguiram impedir duas tentativas de assassinato a jornalistas nas primeiras duas semanas de existência da linha. Repórteres que trabalham no país alegam, entretanto, que a novidade ainda não é suficiente para impedir que o país siga como um dos mais perigosos para a prática do jornalismo.
Um dos assassinatos frustrados seria o de Saad Qusay, correspondente do canal em árabe al-Hurra, financiado pelos EUA; o outro seria um repórter de TV da cidade de Basra. Segundo o porta-voz do Ministério do Interior, Abdul Karim al-Khalaf, um membro da milícia que ameaçou Qusay foi capturado. Depois do episódio, foram disponibilizados seguranças para proteger o correspondente em casa. Ele elogiou a ação policial, mas disse que ainda não se sente seguro. ‘Não posso negar que continuo com medo e que temo pela minha família. Eles prenderam apenas uma pessoa, as outras estão livres’, diz. ‘As forças de segurança me aconselharam a deixar o país’.
Conflito letal
De acordo com o Comitê para a Proteção dos Jornalistas, 135 repórteres e 53 assistentes de mídia foram mortos no Iraque desde 2003, quando os EUA invadiram o país. Já o Ministério do Interior contabiliza a morte de 276 jornalistas nos últimos cinco anos. O conflito é considerado o mais letal para jornalistas em décadas recentes.
A linha telefônica foi criada pela Journalistic Freedoms Observatory, ONG iraquiana pela defesa de repórteres que atuam no país. Profissionais que se sentirem ameaçados podem ligar para a organização, que encaminhará o caso para um departamento policial formado especialmente para proteger profissionais de mídia. O presidente da ONG, Ziad al-Ajili, acredita que a iniciativa é um sinal de que as autoridades passaram, pelo menos, a reconhecer a importância de se proteger os jornalistas.