O Le Monde desistiu de levar em frente 10 processos que movia contra os autores e editores de um livro que denunciava abusos de poder no jornal francês. La face cachée du Monde (A face escondida do Le Monde) acusava os editores do jornal de abusar de sua influência, fazer campanhas secretas para políticos, maltratar e ameaçar membros da equipe e adulterar a posição financeira do grupo.
Na ocasião, o diretor de redação Edwy Plenel e o editor-chefe Jean-Marie Colombani responderam às acusações com uma chuva de processos judiciais e disseram que ‘nem uma vírgula’ do livro de 630 páginas estava correta.
Mas na segunda-feira, 7/6, o jornal retirou todos os processos e pedidos de indenizações avaliados em mais de dois milhões de euros em troca da promessa de que a editora Fayard não irá imprimir mais cópias do livro e de algumas palavras de arrependimento dos autores. Pierre Péan e Philippe Cohen, que escreveram o livro, desculparam-se por ‘certas expressões’ e ‘comentários excessivos’.
Segundo Jo Johnson [The Financial Times, 7/6/04], a decisão do Le Monde reflete a aversão do jornal em continuar com um cansativo e longo julgamento que teria envergonhado grande parte da alta sociedade francesa e agitado observadores da imprensa em todo o mundo.
Ambas as partes concordaram em não comentar mais o assunto, informa Johnson. La face cachée du Monde vendeu 202 mil cópias desde seu lançamento, em fevereiro de 2003.