A imprensa francesa está em crise e os grandes jornais, como Le Monde, Le Figaro e Libération, vendem cada vez menos. De acordo com os dados de 2004 (números disponíveis mais recentes), a circulação do Le Monde – jornal nacional mais vendido, com circulação média de 330.768 cópias – caiu 4,1% no ano passado, e a tiragem do conservador Le Figaro sofreu uma queda de 3,1% (329.729 exemplares). O jornal de esquerda Libération apresentou uma queda mais acentuada – 7,8% (circulação média de 140.000 exemplares). Os nove jornais de circulação nacional mais vendidos na França venderam, juntos, cerca de 1.4 milhão de cópias por dia – um número que contrasta com os 12 milhões de exemplares vendidos pelos 10 maiores jornais britânicos.
A circulação dos jornais franceses está em queda há décadas. Claude Moisé, ex-gerente da Agence France Press e analista da revista Médias, afirma que os franceses nunca tiveram o hábito de ler jornais. A situação piorou com a crescente competição pela atenção do público apresentada pela internet e pela televisão. Além disto, o surgimento de novos jornais gratuitos, distribuídos em grande quantidade no metrô de Paris e em outras cidades francesas, roubou um número significativo de jovens leitores. A diminuição de bancas nas ruas de Paris e os problemas em encontrar espaço para pilhas de jornais nos novos trens de alta velocidade também ocasionaram problemas de distribuição. Para completar, os sindicatos de esquerda mostraram-se contrários a mudanças estruturais que diminuiriam os custos dos periódicos.
Cadê os jovens?
Um grande problema discutido atualmente é a falta de leitores jovens. De acordo com um estudo realizado em 2003, apesar de ¾ dos jovens franceses acreditarem que ler jornais é essencial para entender os assuntos atuais, apenas 1% afirma que busca nos jornais uma fonte de informação. Uma possível solução, considerada pelo governo no ano passado, seria oferecer assinaturas subsidiadas para 780 mil jovens de 18 anos da França durante dois meses depois do aniversário de cada um. Editores do Le Monde reconhecem a necessidade de uma mudança radical e planejam outras mudanças no design e decisões editoriais mais criativas. O Libération escreveu uma série em agosto com mais de três páginas diárias sobre sexo, que cobriu desde voyeurismo a sodomia, sendo bem recebida pelos leitores e pela crítica.
Crise? Que crise?
Mas nem todas as publicações enfrentam problemas de circulação. Em meio a um mercado problemático, o econômico Les Echos, o comunista L´Humanité e o católico La Croix prosperam. A revista de fofocas Voici também vem registrando boa circulação e, nos últimos dois meses, vendeu média de 700 mil cópias. Sua nova rival, Closer, vendeu 640 mil exemplares na primeira semana de agosto. O jornal esportivo L´Equipe apresentou um aumento de 10% na tiragem, chegando a vender uma média de 351 mil exemplares. O lucro com publicidade dos jornais gratuitos Metro e 20 Minutes também tem sido satisfatório. Frederic Filloux, editor do 20 Minutes, afirmou que o sucesso do jornal deve-se à afinidade dos leitores de 20 a 40 anos, cuja maioria não lia nenhum jornal antes da chegada dos diários gratuitos. Informações de Jason Burke, do The Observer [4/9/05].