Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Lentidão na cobertura da operação “Velozes e Furiosos”

A operação “Velozes e Furiosos”, em que o Escritório de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos (ATF) dos EUA permitiu que vendedores de armas vendessem rifles marcados para rastreá-los e, assim, chegar aos chefões dos carteis de drogas no México, foi o tema da coluna de domingo (14/8) do ombudsman do Washington Post, Patrick B. Pexton

Agentes do ATF tinham opiniões divergentes sobre a operação, pois evitar que as armas cheguem às mãos de carteis mexicanos violentos é uma de suas tarefas. Portanto, por que o governo facilitaria o envio, em vez de simplesmente impedi-lo? Além disso, em dezembro passado, o agente da fronteira Brian Terry foi morto em um tiroteio no Arizona – no episódio, foram encontradas duas AK-47 vendidas sob a operação “Velozes e Furiosos”. Irritados com a operação, funcionários do ATF fizeram uma denúncia ao senador Charles Grassley e, em fevereiro, ela vazou ao público.

Conservadores alegam que o Post teria ignorado o assunto porque o conselho editorial e os repórteres do jornal são liberais e a favor do controle de armas. Críticos conservadores mais radicais chegaram a acusar os repórteres do diário de serem cúmplices na morte de Brian Terry, porque uma premiada série de reportagens publicada em dezembro não revelou a operação nem suas falhas.

Um dos primeiros

Pexton analisou toda a cobertura, inclusive a série e 16 matérias publicadas entre 31/1 e 27/7 sobre o tema, e conversou com editores e repórteres. Depois da análise, ele concluiu que as acusações dos críticos não se justificavam. O Post foi um dos primeiros veículos dos EUA, no primeiro dia de fevereiro, a dar a notícia da conexão entre as armas da operação “Velozes e Furiosos” e a morte do agente. Uma reportagem sobre a operação e suas falhas, escrita pela repórter Sari Horwitz e publicada no dia 26/7, é uma das melhoras já feitas sobre o tema, na opinião do ombudsman.

Pexton admite que o Post pode até ser acusado de, depois da matéria do dia 1/2, demorar demais a dar suíte às matérias sobre a “Velozes e Furiosos”. Outros veículos – como a rede de TV CBS News, o jornal Los Angeles Times e a organização de jornalismo investigativo sem fins lucrativos Center for Public Integrity – publicaram mais material em março.

Sobre o fato de o Post não ter mencionado a operação na série publicada em dezembro, Jeff Leen, chefe de redação para investigação que liderou a série escrita por quatro repórteres, afirmou que nenhum deles sabia da operação até ela ser vazada para a imprensa um mês depois.