O New York Times afirmou esta semana que foi alvo de ataques de hackers por conta da publicação de uma reportagem investigativa sobre a família do primeiro-ministro da China, Wen Jiabao. O jornalão americano informou que hackers chineses teriam invadido os computadores de seus funcionários e obtido as senhas usadas por eles.
Segundo especialistas em segurança na rede, hackers roubaram as senhas corporativas de todos os funcionários do Times e as usaram para acessar os computadores de 53 deles. O chefe da sucursal de Xangai, David Barboza, que escreveu a matéria sobre a família do premiê, e o chefe da sucursal do Times na Índia, Jim Yardley, que já trabalhou no escritório de Pequim, tiveram suas contas de email invadidas. Não há indícios, no entanto, de que mensagens com temas sensíveis ou arquivos de artigos sobre Jiabao tenham sido copiados, declarou Jill Abramson, editora-executiva do diário.
Fortuna suspeita
A reportagem afirmava que parentes de Jiabao haviam acumulado uma fortuna equivalente a bilhões de dólares desde que ele assumiu o posto de vice-primeiro-ministro do país, em 1998. A invasão online ao Times começou em setembro, quando Barboza apurava a pauta, e aconteceu com maior intensidade a partir de 25/10, quando foi publicado o artigo, chegando ao ápice na noite da eleição presidencial americana, em 6/11. Isso levantou suspeitas de que os hackers poderiam ter tentado derrubar o sistema do jornal, mas as ações sugeriram que eles estavam em busca de nomes de pessoas que haviam fornecido informações para Barboza.
Pouco depois do anúncio do Times, o Wall Street Journal afirmou que também foi alvo de hackers chineses. Segundo uma porta-voz da Dow Jones & Co, empresa proprietária do jornal, há evidências de esforços de invasão online que teriam como foco a cobertura da China. O Journal informou ainda que o FBI vem investigando ataques de hackers a jornais americanos há mais de um ano e considera os casos um problema de segurança nacional.
O governo de Pequim é acusado de montar, nos últimos anos, uma forte campanha de espionagem na internet, na tentativa de obter informações confidenciais e segredos corporativos e de intimidar seus críticos. Correspondentes estrangeiros estariam entre os alvos dos ataques, que teriam como objetivo descobrir a identidade de fontes confidenciais e reprimir matérias críticas às autoridades chinesas, afirmou a agência Associated Press.