Mark Ivens, editor do Sunday Times, de Rupert Murdoch, pediu desculpas “sem restrições” na terça-feira (29/1) por uma charge que mostrava o líder israelense Benjamin Netanyahu construindo um muro com a ajuda de argamassa vermelha, remetendo à sangue, e que provocou a fúria da comunidade judaica. No cartum, Netanyahu empunha uma espátula comprida e pontiaguda e palestinos agonizantes emparedados na estrutura do muro. Líderes judeus disseram que a charge lembrava a propaganda antissemita, que muitas vezes é empapada de sangue. A fúria foi ainda maior devido à data: a charge foi publicada no Dia do Memorial do Holocausto.
Na segunda-feira, Murdoch disse que o jornal devia uma “desculpa importante” por publicar a charge, de autoria de Gerald Scarfe. O editor Ivens encontrou-se na terça-feira com líderes da comunidade judaica para manifestar seu arrependimento pela publicação da charge. Chamou a charge de “erro terrível” e pediu desculpas por qualquer ofensa cometida, dizendo que a coincidência da data era “indesculpável” e as associações, “grotescas”.
“Vocês sabem que o Sunday Times abomina o antissemitismo e jamais provocaria ofensas ao povo judeu ou qualquer outro grupo étnico ou religioso”, disse Ivens. “Não foi essa intenção de domingo. Todo mundo sabe que Scarfe muitas vezes é brutal e sangrento em suas ilustrações, mas no fim de semana – ele próprio reconhece – foi longe demais.” Mick Davis, presidente do Conselho de Lideranças Judaicas, disse que o grupo agradecia as desculpas do jornal. “Gostei da urgência e respeito com que o Sunday Times tratou das preocupações da comunidade judaica e agora só quero sair, de uma maneira construtiva, deste assunto”, disse num comunicado.