O presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos do México, José Luis Soberanes, informou na semana passada que 52 profissionais de imprensa foram mortos na última década no país, com a maioria dos crimes permanecendo sem solução. No mesmo período, sete outros repórteres desapareceram e seis escritórios de jornais foram atacados com explosivos. Desde 2006, houve 11 mil mortes no país relacionadas ao tráfico de drogas. Diversas organizações internacionais classificam o México como um dos países mais perigosos do continente americano para o trabalho jornalístico.
Soberanes não revelou nomes de suspeitos de estar por trás dos ataques a jornalistas, mas organizações de mídia são freqüentemente alvos de cartéis ligados ao narcotráfico. Alguns dos repórteres assassinados investigavam questões sobre o tráfico, crimes ou casos de corrupção. Apenas 17 casos de violência contra jornalistas estão em julgamento; o restante continua ‘sob investigação’.
Impunidade
‘A impunidade tornou-se uma característica das agressões contra jornalistas no México’, diz o presidente da comissão. Ele acusa autoridades de negligência na investigação e na punição dos crimes, pedindo a promotores federais, oficiais do Exército e funcionários do governo que tomem medidas para garantir a segurança dos repórteres que cobrem pautas consideradas perigosas.
Há duas semanas, um homem armado abriu fogo contra os escritórios do jornal Siglo de Torreon, em Torreon, danificando a porta e as janelas do prédio. Ninguém ficou ferido. Torreon é vizinha à cidade de Gomez Palacio, no qual Eliseo Barron, conhecido repórter policial, foi seqüestrado e encontrado morto em uma vala, em maio. Um dos cinco suspeitos detidos no caso revelou aos investigadores que pertencia ao Zetas, grupo ligado ao Cartel do Golfo, e que Barron foi morto como um alerta a jornalistas que ficam no caminho do grupo. Informações de Eduardo Castillo [AP, 20/8/09].